A abertura de um processo de impeachment de Jair Bolsonaro é o tema de uma polêmica que fica mais acirrada a cada dia. Além do apoio que ainda mantém de grande parcela da sociedade, o presidente conta com maioria congressual e tem o amparo dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM/MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP/AL). Os dois sustentam não haver nada concreto que justifique a instalação do processo e completam que o país teria “outras prioridades”.
“Os pedidos de impeachment tanto de ministros do Supremo quanto do presidente da República devem ser tratados com muita responsabilidade. Não se pode banalizar o instituto”, opina Pacheco. Por sua vez, Maia sugere que esta questão deve ser avaliada com serenidade, sem pressa ou retaliações. Entretanto, da própria base de aliados formada pelo presidente já pipocam visões diferentes.
FORÇAS ARMADAS
O general Otávio Santana do Rêgo Barros, que foi porta-voz de Bolsonaro de janeiro de 2019 a outubro de 2020, deixou a função rompido com o ex-chefe. Passou para a reserva em 2019, mas é respeitado na cúpula militar. Ele publicou um artigo no qual afirma que o desejo de Bolsonaro é transformar as Forças Armadas em uma estrutura de apoio político. E enfatizou ser isto “uma afronta a tudo o que defendem as Forças Armadas em sua atitude profissional”, frisando que o presidente busca “adentrar as cantinas dos quartéis com a política partidária”.
O senador Tasso Jereissati (PSDB/CE), que já pertenceu à base governista e até pouco tempo era contrário ao impeachment, acaba de render-se ao que considera uma imposição dos fatos. Ex-presidente do PSDB, empresário dos mais abastados e líder de segmentos conservadores, Jereissati tem prestígio na direita. E reavalia sua posição, pontuando que a Nação e os brasileiros precisam ter um rumo seguro.
LIMITE DO GENOCÍDIO
Um dos mais acreditados do Brasil, o jurista Walter Maierovitch defende o impeachment do presidente e diz que o País não pode mais aguentar um governo irresponsável e que “passa bem no limite do genocídio”. Considerou, no entanto, que somente a pressão popular poderia resultar num eventual afastamento, isso porque apenas o presidente da Câmara, Arthur Lira, aliado de Bolsonaro, poderia aceitar a abertura de um processo dessa natureza.
Maierovitch disse que Bolsonaro cometeu um crime de responsabilidade, passível de impeachment, na gestão da pandemia. Segundo o jurista, ele não agiu para combater o avanço da doença e contrariou recomendações de autoridades em saúde. “A Constituição foi violada, porque ela protege a saúde pública, exige do governante a probidade. O impeachment é uma solução, nós necessitamos do impeachment”, sentenciou.