Omissão, negacionismo e recomendação indevida de medicamentos contra a Covid-19; manifestações antidemocráticas, com ameaças à imprensa, apologia à tortura, à ditadura e ao golpe; incitação à ruptura institucional com hostilização ao STF; interferência na Polícia Federal para proteger os familiares sob investigação; improbidade administrativa, com ações irregulares como manipular o Orçamento para “reservar” R$ 3 bilhões em “retribuição” aos parlamentares que aprovam suas medidas.
Estes são alguns dos arrazoados que embasam os mais de uma centena de pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Isso com um detalhe dos mais relevantes: a popularidade do mandatário e a aprovação de seu governo, que eram sólidas nos primeiros dois anos de mandato, estão caindo consideravelmente neste semestre de 2021. As pesquisas que até janeiro ainda eram favoráveis, começam a exibir agora sinais nada alentadores a quem deseja mais quatro anos no Planalto.
Uma das consultas mais recentes foi realizada pelo DataFolha. O instituto divulgou uma pesquisa na qual, pela primeira vez, a parcela da população que quer o impeachment do presidente está numericamente à frente dos contrários ao afastamento. O Datafolha perguntou se o Congresso Nacional deveria ou não abrir um processo de impeachment. O resultado: 49% a favor e 46% contra. Um empate técnico dentro da margem de erro, mas matematicamente apontando uma maioria.
O Datafolha ouviu, de maneira presencial, 2.071 pessoas, nos dias 10 e 11 de maio. Em levantamento semelhante no fim de abril do ano passado, 48% responderam que o Congresso não deveria abrir processo para afastar o presidente. Em maio, 50%; em janeiro deste ano, 53%; em março, 50%; e agora, 46%. Na primeira pesquisa, 45% disseram que o Congresso deveria abrir o processo. Em maio, 46%; em janeiro, 42%; em março, 46%; e agora, 49%. Seis por cento não sabiam; depois, 4%; 4%; 3%; e agora, 4%.
INVERSÃO
Os números das pesquisas revelam um quadro de situações invertidas. Bolsonaro foi um dos símbolos do movimento nacional que fez grandes manifestações pedindo o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) e também a condenação e a prisão de Lula, que acabou sendo preso, teve os direitos políticos suspensos e ficou impedido de disputar as eleições presidenciais. Sem ele o páreo ficou facilitado para a vitória de Bolsonaro.