À frente de um ambicioso planejamento e vitoriosa execução de iniciativas na política pública do setor, o presidente da Fundação de Esportes de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), Marcelo Miranda, põe nos créditos do governador Reinaldo Azambuja o salto histórico do Estado nos degraus esportivos da realidade brasileira.
Formado em Educação Física pela Universidade Federal (UFMS), Marcelo Miranda é pós-graduado em Treinamento Desportivo pela PUC-MG, tem mestrado em Motricidade Humana (Unicamp). Técnico vice-campeão nacional de handebol em 1989, já levou seus conceitos inovadores à UCDB, onde implantou o primeiro curso de bacharelado de Educação Física do Estado, é diretor técnico da Academia M3, membro efetivo do Conselho Federal de Educação Física e diretor-presidente da Fundesporte desde 2015.
Para ele, o fator que faz a diferença em favor dos resultados que vem alcançando é o olhar de um governo que trata o esporte, a atividade física e o lazer como política pública essencial. Na entrevista à FOLHA, Marcelo aborda como a Fundação atravessa a pandemia, o alcance e os resultados dos programas e as intervenções voltadas aos esportes como fator de inclusão social e econômica.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – Quais as medidas tomadas para continuar trabalhando durante a pandemia?
MARCELO MIRANDA – No início, cuidar de nossa equipe, sobretudo das pessoas dos grupos de risco, e suspender atividades que gerassem aglomerações. Com orientação do governador Reinaldo Azambuja e do secretário Eduardo Riedel, criamos estratégias para manter o esporte ativo. O esporte e a atividade física são essenciais para a saúde física e mental. Elaboramos protocolos de biossegurança para reabertura de academias e alguns eventos, principalmente modalidades individuais. Realizamos diversas provas com total segurança, como a Supercopa de Vôlei, quando foi reinaugurado o Guanandizão em Campo Grande, com 10% dos lugares do ginásio ocupados. Com a pausa do calendário, aproveitamos para focar no nosso programa de governo. E então reformulamos e ampliamos o Bolsa Atleta e o Bolsa Técnico, iniciamos a revitalização de vários espaços esportivos e criamos um programa de qualificação profissional on-line, que reúne profissionais não só de Mato Grosso do Sul, mas do Brasil todo.
FCG – Tem planejamento para a retomada plena das atividades?
MM – Sim. Um intenso calendário a partir de julho, se a pandemia estiver sob controle, com boa parte da população vacinada e o aval da Secretaria de Saúde (SES). Iniciaremos com as classificatórias das competições nacionais. Já acertamos com a SES a realização de testes para a Covid-19 em todas as delegações antes e após o embarque e com isolamento máximo, limitando acesso ao hotel, locais de jogos e refeições. Também temos programado o retorno, após sete anos, dos Jogos Abertos de Mato Grosso do Sul, entre outros.
FCG – É ano de Olimpíadas. Tem atleta sul-mato-grossense cotado para garantir vaga nos Jogos?
MM – Temos dois atletas em preparação. Fernando Rufino, o “Cowboy de Aço” da paracanoagem, nos estilos canoa e caiaque, está garantido. Luan Simões Pimentel, no judô paralímpico, quase classificado. Como as vagas não estão fechadas, temos possibilidades também no judô, natação e atletismo. Mas nossa expectativa mesmo está em Paris (2024) e Los Angeles (2028), quando esperamos colher os frutos das políticas de esporte do Governo do Estado.
FCG – Quais as condições necessárias para consolidar uma política pública para investir em esportes de alto nível?
MM – Quando assumi a Fundesporte, em 2015, a instituição ouviu toda a comunidade esportiva para fazer o plano de ação. O Fórum Estadual estabeleceu metas em todas as dimensões. E tenho orgulho em dizer que praticamente todas foram atingidas. Foi democratizado o acesso à prática esportiva com o Programa MS Desporto Escolar (Prodesc). Hoje, são mais de 900 projetos em todo o Estado, oferecendo treinamento a crianças e jovens em mais de 22 modalidades olímpicas e paralímpicas.
FCG – O alcance social está sendo medido?
MM – Sim. Hoje o Prodesc atende milhares de alunos-atletas da Rede Estadual de Ensino, especialmente das comunidades quilombolas e indígenas, além de oportunizar crianças e jovens de Unidades Educacionais de Internação (Uneis). Somos o estado pioneiro com o Programa Bolsa Técnico, que valoriza o profissional revelador e formador de talentos. Reformamos os espaços esportivos e temos apoiado as federações de diversas modalidades em competições locais e nacionais. Agora é preciso focar na criação de centros de treinamento de alto nível e estruturação dos clubes, pois os resultados do trabalho desenvolvido na base estão aparecendo. O Rádio Clube de Campo Grande, por exemplo, há muitos anos é referência nacional em natação e tem, atualmente, uma diretoria que pretende dinamizar o esporte de alto nível.
MM – O governo trata o esporte, a atividade física e o lazer como política pública essencial. O governador e os secretários Eduardo Riedel e Sergio de Paula sempre nos cobraram e orientaram, dando total apoio. A chegada do secretário Sergio Murilo fortaleceu ainda mais a Fundesporte. Eles têm o esporte não só como entretenimento, mas como instrumento de transformação social e desenvolvimento econômico.
FCG – Os resultados dos programas têm sido convincentes?
MM – Muito. Tanto que o governador dobrou os recursos do Bolsa Atleta e Bolsa Técnico. Temos relatos de atletas que não podiam treinar, pois tinham de trabalhar pelo sustento da casa. E hoje têm o incentivo para treinar, com a Bolsa sendo parte do sustento familiar. Técnicos experientes já voltaram a dar treinos, motivados não só pelo apoio financeiro, mas também pelo reconhecimento como profissional.
FCG – O esporte é uma ferramenta de inclusão e de opção a outros caminhos, como as drogas e a violência. Mas é possível abrir, também, horizontes de ascensão econômica?
MM – Sem dúvida alguma. As dimensões do esporte são impressionantes. O esporte ensina e fomenta a dedicação, a disciplina, a educação, o respeito, conceitos de cidadania para toda a vida. Por isso, a Constituição trata o esporte como direito fundamental a todos. Sabemos que uma pequena parcela apresenta talento esportivo que pode transformar sua vida no aspecto financeiro. Portanto, é obrigação do profissional de Educação Física identificar esses talentos e cabe ao estado oferecer condições para que ele possa otimizar seu potencial.