Avança a passos largos o projeto da Nova Ferroeste que vai ligar Maracaju (MS) ao Porto de Paranaguá (PR). Na última segunda-feira (22), o projeto ferroviário foi apresentado ao governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), por seu colega paranaense Ratinho Jr (PSD), contendo o estudo preliminar de demanda e o traçado do empreendimento. A agenda, no gabinete do governador, reuniu as equipes técnicas que mostraram e explicaram os dados de viabilidade econômica. Está prevista uma linha de 1.285 km de extensão, com a inclusão da obra de uma nova ferrovia de Maracaju a Cascavel, em um novo traçado entre Guarapuava e Paranaguá.
Os dois estados trabalham em conjunto os estudos econômicos, técnicos e ambientais, necessários para a concessão do projeto à iniciativa privada, em leilão marcado para novembro deste ano. A empresa vencedora vai construir a nova malha ferroviária. Azambuja realçou sua “enorme alegria” de dividir com Ratinho Júnior um “projeto estruturante que vai revolucionar o Centro-Oeste, o Paraná, Paraguai e Bolívia”. Assinalou que todas as regiões crescerão em competitividade, diminuição de custo e melhorias do transporte. “A nova Ferroeste é um sonho de Mato Grosso do Sul e do Paraná”, acentuou.
REVOLUÇÃO
Depois de considerarem que haverá uma histórica evolução no setor de transportes e logística, os governadores destacaram a importância das ações articuladas entre os estados e projetaram os benefícios com a futura concessão à iniciativa privada. “Teremos em breve o dia que vamos bater o martelo na B3 [Bolsa de Valores]. As equipes estão sintonizadas nesse projeto que vai promover uma revolução na logística ferroviária em todo o Brasil”, salientou o sul-mato-grossense. Ratinho Júnior expressou total confiança no desempenho do projeto, que segue com o cronograma em dia e procedimentos adequados para o leilão.
“Será feito um grande corredor de exportação de Mato Grosso do Sul ao Paraná. Este sonho existe há muitos anos, porém tecnicamente nunca se elaborou um projeto com um estudo técnico mais aprofundado”, observou Ratinho Jr. “A Ferroeste vai sair de Maracaju até o Porto de Paranaguá, trazendo redução de custo para toda esta região, assim como para Dourados e Amambai. Será um eixo logístico importante para o Estado, gerando mais empregos, renda e aumento da atividade produtiva”, completou.
De acordo com o coordenador do Grupo de Trabalho Ferroviário do Paraná, Luiz Henrique Fagundes, com o uso da nova malha ferroviária Mato Grosso do Sul terá redução de até 32% nos custos no transporte da sua produção. Ele disse que o Estado tem maior potencial de expansão da produção entre os demais. “No primeiro ano a área de operação da ferrovia estaria produzindo 54 milhões de toneladas. A nova linha ferroviária iria movimentar 64% desses produtos. Isso a caracteriza como um corredor de exportação e importação”, analisou.
Sobre o traçado, outro detalhe que chama a atenção: ao reduzir a distância de 1.370 km para 1.285 km, serão diminuídas as passagens por terras quilombolas, de três para uma, e em comunidades indígenas, de sete para cinco. O novo modal de transporte reduzirá os acidentes nas rodovias, vai melhorar a mobilidade urbana e baixar os níveis de emissão de gases. “A cada 100 vagões que rumam ao Porto Paranaguá, 400 caminhões deixam de circular nas estradas”, comparou Fagundes.
O titular da Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, ressaltou que a intenção agora é terminar todos os estudos, definir o investimento mínimo para a concessão à iniciativa privada e levar a proposta a leilão.