Ainda não existe um levantamento preciso e atualizado sobre a quantidade de profissionais da imprensa que morreram vítimas da Covid-19, infectados pelo vírus nas reportagens sobre a pandemia ou simplesmente enfrentando os riscos de trabalhar em ambientes suscetíveis ao contágio. Segundo a organização suíça Press Emblem Campaign (PEC), que solicita a vacinação prioritária dos profissionais da imprensa, até 21 de janeiro deste ano mais de 600 jornalistas tinham morrido por infecção da Covid-19 em todo mundo – mais da metade deles na América Latina, sendo o Brasil o País mais vulnerável para a profissão no continente.
Uma pesquisa feita pelo Departamento de Saúde, Previdência e Segurança da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) comprovou que a categoria está entre as principais vítimas da Covid-19. Do início da pandemia, em 2020, até o final de janeiro deste ano, ao menos 93 profissionais haviam sucumbido à doença. Esse número já veio defasado. Logo depois da conclusão da pesquisa, a repórter cinematográfica Vanusa Torchi, de São Paulo, também faleceu, elevando o número para 94. O estudo informa que houve um crescimento dos óbitos em novembro e dezembro do ano passado e a conta explodiu em janeiro, quando ocorreram 25% das mortes.
NOS ESTADOS
Amazonas e São Paulo tinham até o início deste mês o maior número de casos na imprensa, com 14 mortes. Em seguida apareciam outros estados, entre os quais o Rio de Janeiro e o Paraná. Mato Grosso do Sul e Mato Grosso também atravessaram o ano frequentando a triste estatística. A análise dos dados revelou que o maior número das vítimas (23) estava na faixa etária de 51 a 60 anos. Outras 22 vítimas fatais da doença tinham entre 61 e 70 anos. Os homens eram maioria absoluta entre as vítimas: 91,4% do total.
Muitos jornalistas, repórteres, apresentadores, cinegrafistas e fotógrafos que morreram construíram carreiras sólidas e de sucesso nacional, como José Paulo de Andrade, Rodrigo Rodrigues e Orlando Duarte. Alguns também tomaram posições polêmicas ou contraditórias sobre a pandemia. Stanley Gusman, que era âncora de um programa policial na TV Alterosa – afiliada do SBT em Minas Gerais – estava entre os críticos dos protocolos de prevenção e segurança. Testou positivo na virada do ano, foi internado e morreu duas semanas depois.
Em Cuiabá (MT), a jornalista e empresária Elisângela Neponuceno, que havia sido contaminada no ano passado, voltou a apresentar sintomas em fevereiro. Após uma semana internada, não resistiu e foi a óbito. Assessor de artistas como Wesley Safadão e Joelma, o jornalista e produtor Raphael Acioli também não teve êxito na luta que travou contra o vírus durante 50 dias internado num hospital de Recife (PE).