O empresário e advogado Flávio Pereira Moura, que vai completar 30 anos em 25 de junho vindouro, é um exemplo da nova geração de Mato Grosso do Sul que se prepara com afinco e inteligência para enfrentar e vencer os desafios da vida. Os desafios, aliás, não faltam a esse campo-grandense, que se arrebata com o amor dos pais, o deputado estadual Cabo Almi e a dona-de-casa Irene Carolina Pereira de Oliveira Moura.
A educação e os princípios que recebeu no lar e os conhecimentos que aprimora no mundo, somados ao exercício de atividades forjadas pelos compromissos com a justiça e a igualdade, abriram a ele o mesmo caminho percorrido pelo pai na política: o das lutas pelos ideais programáticos do Partido dos Trabalhadores. É com estas duas bases, a das lições do pai e do partido, que Flávio prepara seu primeiro voo eleitoral.
Em 2022, ele vai colocar seu nome à disposição do PT para disputar uma das oito vagas de deputado federal. Não esconde a influência do pai, porém carrega consigo a convicção de quem tem o seu próprio jeito de construir, propor e avançar. “Uma das nossas maiores bandeiras é o trabalho social, é o contato direto com o povo”, enfatiza. Nesta entrevista à FOLHA, Flávio Moura fala sobre como vem conduzindo o projeto e pontua temas locais e nacionais com firmeza e objetividade.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – Comenta-se sobre sua possível candidatura a deputado federal em 2022. Há outro motivo para essa decisão além do fato de ser filho de um político experiente e respeitado?
FLÁVIO MOURA – A informação procede. Acompanho meu pai desde muito novo nesse meio. Sempre vi de perto sua luta incansável em busca de mudanças e justiça, por meio de uma política totalmente voltada aos mais necessitados. A nossa casa sempre esteve de portas abertas à comunidade. Então, sem dúvidas, meu pai não deixa de ser um grande influenciador. Ainda com 14 anos, com o auxílio dele, tínhamos um projeto que doava mesas e cadeiras para eventos beneficentes. Isso fez com que eu tivesse estreito contato com o povo. E essa aproximação fez com que me despertasse o amor pela política e pela atividade comercial.
FCG – Quais os compromissos de luta e proposições que pretende defender para exercer o mandato?
FM – Faço parte de um dos maiores partidos políticos do País. Sou filiado desde os 18 anos. O PT tem conceito e programas que dão prioridade aos excluídos, aos setores da sociedade com nenhuma ou pouca oportunidade social, econômica, cultural. São casos dos MST (Movimento dos Sem-Terra), indígenas, LGBT, trabalhadores assalariados. E faço parte juridicamente do ramo empresarial há 10 anos. Sei quão grande é o desafio de manter uma empresa aberta: muita burocracia, altas tarifas, as armadilhas de mercado.
Quero estudar e buscar soluções para quem está no ramo, ajudar essas pessoas. Uma das nossas maiores bandeiras no grupo do Cabo Almi é o trabalho social, é o contato direto e permanente com a sociedade. Como já frisei, nossa casa é aberta 24 horas. E temos um escritório de apoio funcionando em horário comercial. Em princípio, tenho a intenção de ampliar esse atendimento, para que mais pessoas possam ser atendidas. Estando à frente do mandato federal, e também contando com o apoio do deputado estadual, conseguirei irradiar esse projeto pelo Estado com as emendas federais.
FCG – O PT sofreu muitos desgastes nos últimos anos. O que é preciso para que se retome o antigo poder político, eleitoral e popular do partido?
FM – É natural esse fenômeno, acontece com qualquer partido sofrer desgastes ao passar longo período no poder. Além de tudo, precisamos fazer uma autocrítica rigorosa, ver e constatar que erramos, onde, quando e porque erramos. De uma forma ou de outra, não se passaram nem cinco anos com o PT fora do poder e já se fala na saudade do tempo que governava. E isso também porque o Brasil está há três anos com dois governos [os de Michel Temer e Jair Bolsonaro] que não conseguiram mostrar a que vieram. Precisamos, é evidente, de novas lideranças, ideias renovadoras, pensamentos atualizados no sentido de focalizar as prioridades mais ajustadas aos dias que estamos vivendo e apontar caminhos e soluções de segurança, prosperidade, justiça social e ética para o futuro. São caminhos pelos quais a sociedade está clamando e as pessoas públicas não podem subestimar esse clamor. O político deve acompanhar os anseios do povo.
FCG – O PT de Mato Grosso do Sul só tem um congressista, o deputado Vander Loubet. Para aumentar sua representação, o partido precisa lançar candidatura própria ao governo em 2022 ou será mais vantajoso integrar uma coligação competitiva?
FM – Entendo que o PT tem capacidade histórica, um programa contemporâneo e nomes competitivos para, se assim decidir, lançar sua própria chapa majoritária em 2022. Mas isso será debatido na hora certa, dentro das normas estatutárias e democráticas do partido, por meio de suas lideranças e militância.
FM – Sim. Após 10 anos no comércio, construí um grande leque de segmentos. Minha primeira loja foi uma conveniência. Logo em seguida desenvolvi uma empresa de imobiliária, uma lotérica, uma barbearia e agora sigo também na agricultura. Exatamente por conhecer as nossas lutas, nesses desafios diários, a inclusão de projetos voltados às classes que atuam nesses segmentos será uma das minhas bandeiras.
FCG – Qual sua avaliação sobre o movimento que pede o impeachment do presidente Bolsonaro? É oportuno ou não prospera por causa da base congressual de apoio ao presidente?
FM – Particularmente, eu gostaria muito que o presidente saísse do poder. Porém, tenho muito receio do seu substituto. Em contrapartida, eu entendo o anseio da parcela da sociedade que quer seu impeachment, com demonstrações claras de seu comportamento durante a pandemia. Ainda assim, são indispensáveis a serenidade e a cautela para tomar qualquer decisão. É fundamental o respeito à Constituição, à autonomia e às instituições que guardam a democracia e o estado de Direito. Só assim conseguiremos ter paz e boas políticas para o Brasil.