São as pequenas coisas que podem transformar em brilhante um thriller noir de crime. Cada detalhe deve ser meticulosamente construído para chegar num final grandioso e monumental, onde tudo é revelado após duas horas de adivinhação ininterrupta do público. Na minha opinião, este é o momento mais significativo do gênero noir, onde tudo culmina em um ponto onde o espectador diz “AHÁ!” e se torna mais envolvido na história do que nunca.
Em Os Pequenos Vestígios (The Little Things), de John Lee Hancock, esse momento acontece.
Seu primeiro ato prepara o público para um thriller brilhante: o xerife adjunto do condado de Kern, John “Dekke” Deacon (Denzel Washington), percebe semelhanças com um caso de assassinato em série que arruinou sua carreira como detetive enquanto acompanha o novo investigador Jim Baxter (Rami Malek) em uma nova cena de crime.
Tudo isso leva Deke a se unir a Baxter para rastrear um outro assassino. O seu principal suspeito é Albert Sparma (Jared Leto). No entanto, eles não têm evidências sobre Sparma, pois ele começa a brincar de gato e rato com os policiais.
Os Pequenos Vestígios cumpre sua promessa de um thriller noir eletrizante que faz tudo ao seu alcance para manter o público interessado, revelando pequenas pistas de algo maior estar em jogo, abrangendo décadas de investigação não resolvida. Denzel Washington está em sua melhor forma aqui, como um detetive desacreditado e frágil que não consegue se livrar do passado que se torna seu futuro.
Há uma vontade legítima de Deke terminar o trabalho. Ele é frio, cuidadoso e vai esperar o momento certo para tentar ser mais esperto que Sparma. Tudo isso não poderia ter sido transmitido sem a atuação magistral de Denzel. Muito do que ele pensa é transmitido por meio de suas expressões faciais, ao invés do diálogo, o que torna o personagem ainda mais complexo do que deveria ser. Ele compartilha uma química sólida com Jim Baxter de Rami Malek.
Mas a verdadeira estrela do filme é Jared Leto. Alguns críticos já duvidaram das habilidades de atuação de Leto, mas as pessoas parecem esquecer que ele pode ser bem perturbador – um pouco até demais. Não há uma única cena envolvendo Leto que não pareça assustadora ou imprevisível. Você nunca sabe o que ele realmente está fazendo, pois ele constantemente engana os detetives em armadilhas óbvias para sua própria diversão. O público não tem ideia se Sparma é o verdadeiro assassino ou não, mesmo que o filme tente fazer o público pensar que ele é o assassino. Então sem evidências tangíveis, o público é deixado em um estado sem fim de adivinhação, pensando que saberá mais conforme o filme avança para o final.
Aqui em Os Pequenos Vestígios, se você estiver curioso o suficiente pode realmente gostar desse mistério.
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