Zoey e Sua Fantástica Playlist (Zoey’s Extraordinary Playlist) preenche o lugar dos musicais de TV anteriormente ocupados por Smash, Roadies e por Glee. Eu estava cético em relação à série no início, não tão pronto assim para me apaixonar por outro musical e ser decepcionado por um cancelamento antecipado. No entanto, a série superou todas as minhas expectativas e provou ser um dos melhores novos seriados do ano – é comovente, cafona da melhor maneira possível e instigante. Eu posso te dizer até que ele atinge todas as notas certas.
Dramédias musicais são complicadas de se produzir (e não agradam todas as faixas etárias) porém, Zoey e Sua Fantástica Playlist consegue fazer o que a maioria não consegue. Usa sua carta na manga baseada não só em seus números musicais (embora eles sejam muito bons) mas em sua exploração das emoções e de maneiras de expressar a confusão que chamamos de “nossos sentimentos”.
TEMPORADA 1
A premissa é um tanto bobinha: durante uma ressonância magnética de rotina, um terremoto atinge São Francisco e, enquanto Zoey Clarke (Jane Levy) ainda está dentro da máquina, ela é agraciada com a capacidade de ouvir as pessoas cantando seus sentimentos íntimos. Zoey começa a chamá-los de canções do coração.
Em meio a todo esse acaso inexplicável, a moça é disputada pelo colega de trabalho Simon (John Clarence Stewart) e pelo melhor amigo Max (Skylar Astin);
Se intromete nos problemas pessoais de outras pessoas, como a de Mo (Alex Newell), sua vizinha cantora;
E ainda precisa lutar contra a Paralisia Supranuclear Progressiva (PSP) de seu pai, uma doença degenerativa que impede Mitch (Peter Gallagher) de falar ou se mover. Ele não está aceitando muito bem esse fardo; e Zoey, junto com sua mãe Maggie (Mary Steenburgen), o irmão David (Andrew Leeds) e cunhada Emily (Alice Leeds), têm que enfrentar a tristeza inexplicável de perdê-lo antes do esperado.
A série se inspira no showrunner Austin Winsberg, que perdeu seu pai para o PSP vários anos antes. Zoey, no show, lida com a dor de uma maneira que a maioria das séries ignora ou passa muito pouco tempo explorando. Ela passa a maior parte da temporada se preocupando com seu pai (e as coisas ficam muito reais para ela assimilar às vezes; o que é muito humano). Ela também passa um tempo muito necessário com ele. É uma representação completa de luto e luta pessoal que não é focada apenas no drama e nunca é emocionalmente manipuladora do seu público. É algo surpreendente por causa da ternura e abordagem genuína do musical para a história.
Como na vida real, o mundo inteiro de Zoey não é só o problema de seu pai. Ela trabalha em uma empresa de tecnologia onde gerencia um grupo excêntrico de funcionários e se vê constantemente envolvida no drama de outras pessoas, incluindo o de sua chefe, Joan (Lauren Graham, a Lorelai de Gilmore Girls). Como Zoey pode ouvir outras pessoas cantando (e dançando), ela é testemunha de riffs competitivos e muita criatividade nos arranjos musicais de clássicos pop/rock/rap. Por isso que é tão divertido.
TEMPORADA 2
Já na parte seguinte algumas coisas são mais definitivas. Faltam pessoas e responsabilidades maiores surgem. Ela agora é tia, já que David e Emily tiveram um menininho; ela enfim escolheu o pretendente e a chefe foi pra Tailândia deixando tudo a cargo dela como administradora.
…
O roteiro equilibra magistralmente todas as suas tramas e personagens sem perder o ritmo. É encantador, animado, atencioso e selvagem. O elenco é fantástico, trazendo seu melhor canto para as versões, além de cenas dramáticas e alegres em grandes números de dança. É um show único para quem gosta da agitação de um musical, com uma dose de drama fundamentado. Talvez o que torna o show tão distinto é que ele está totalmente formado.
Zoey e Sua Fantástica Playlist é um triângulo amoroso que não irrita os nervos, é uma história familiar complicada e é retrato do estresse relacionado ao trabalho, o que torna um show emocionalmente realista. A música só eleva e complementa o material perfeitamente.
5 pipocas!
Disponível na Globoplay.