Na quinta-feira passada, com meses de atraso em relação à grande maioria dos países, o presidente brasileiro assinou a Medida Provisória que põe R$ 20 bilhões à disposição das necessidades para vacinação em massa contra a Covid-19. O presidente Jair Bolsonaro, na sua tosca e caprichosa obstinação ideológica, caminha ao longo deste ano atuando como principal indutor da demora nacional nesta corrida pela vida.
Além de repetidamente investir contra a gravidade da pandemia e também apostar na desqualificação da vacina chinesa, o presidente-atleta da “gripezinha” submeteu aos próprios caprichos o ministério e o ministro da Saúde. Não satisfeito, desancou os protocolos científicos e tampouco se importou com o fato de estar colocando o país que dirige na rabeira de uma fila mundial de países que lutam pela vida.
Em duas de suas mais recentes investidas depois que passou a timidamente aceitar a inevitabilidade da imunização, o presidente ainda tentou impedir sua obrigatoriedade e veio com a ideia – pasmem! – de obrigar cada brasileiro ou brasileira que for tomar a vacina a assinar um termo de responsabilidade.
Porém, não há mal que sempre dure e um amanhecer de notícias boas está raiando com o início da imunização em massa em grandes países, entre os quais a China, os EUA, a Rússia e a Inglaterra. O Brasil, infelizmente, que já estava atrasado, começará com atraso. A politização do debate sobre o tema no qual Bolsonaro fez de principal alvo o governador Dória, contribuiu muito com isso.
Felizmente, a sensatez e a Ciência estão dando as cartas nessa altura do campeonato, com o Brasil encostando em um triste recorde, com quase 200 mil mortos por Covid-19. As vacinas que já passaram pelas avaliações das agências reguladoras de saúde internacionais já podem ser adquiridas, inclusa a Coronavac, aquela que por ser produzida em laboratório chinês caiu na suspeita do presidente.
Que ele fique com suas suspeitas. E que brasileiros e brasileiras façam o que têm de fazer para seguir vivendo ou ao menos não morrer de infecção pelo coronavírus. E agora com uma vitória fundamental: a decisão do STF que tornou obrigatória a vacina em todo território nacional.
Que viva a esperança!