A exemplo do primeiro turno das eleições municipais, o segundo foi uma espécie de repetição: as esquerdas perderam na maioria das disputas e fizeram companhia à extrema-direita e ao bolsonarismo, enquanto o centrão e as forças de centro-direita dominaram a preferência eleitoral. O maior e mais impactante destaque eleitoral foi a disputa paulistana, que consagrou duas jovens lideranças: o prefeito reeleito Bruno Covas (PSDB) e seu rival Guilherme Boulos (Psol).
O PSOL conquistou Belém, com Edmilson Rodrigues, prefeito agora pela terceira vez, com um vice do PT, batendo o candidato bolsonarista. A eleição foi marcada pelo avanço do centrão, o crescimento do PSD e pelo ressurgimento do DEM, onda confirmada no segundo turno. No balanço geral também se destacaram mais ao centro o PSDB e o MDB e pequenos partidos como o PP e o PSL, mais à direita, com pequenos avanços.
PT ENCOLHE
Enquanto o Psol elegia o seu primeiro prefeito, o PT pela primeira vez, desde 1985, fica sem chefe de Executivo nas capitais. O partido do ex-presidente Lula perdeu em Vitória e no Recife. E das 15 disputas de domingo levou apenas por pequena margem as prefeituras de Diadema (SP), Mauá (SP), Contagem (MG) e Juiz de Fora (MG).
Por sua vez, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também não conseguiu resultados expressivos em seus apoiamentos. Ele teve que engolir o fortalecimento do governador João Doria (SP), seu atual desafeto, que garantiu ao PSDB quase metade dos votos no estado mais populoso do país. Com apoio do presidente, Celso Russomanno (Republicanos) ficou em quarto lugar e bem longe do segundo turno. No segundo turno, ele apoiou candidaturas vitoriosas como as de Roberto Naves (PSL), em Anápolis (GO), e Tião Bocalon (PP), em Rio Branco (AC).
No Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos) teve pouco menos de 36% dos votos válidos e sofreu um revés esmagador de Eduardo Paes (DEM). Dos 16 candidatos a prefeito apoiados por Bolsonaro, 12 perderam as disputas. Em Fortaleza, uma ampla aliança entre PDT, família de Ciro Gomes e o PT garantiu a eleição de José Sarto.
JOVEM E MULHERES
No Recife, o clã Arraes fez um segundo turno tenso, de agressões verbais, e João Campos (PSB), além de tornar-se o mais jovem prefeito de capital derrotou sua prima, Marília Arraes (PT), e impediu aquela que seria uma das conquistas femininas mais expressivas do pleito.
Das candidaturas femininas, só uma venceu: foi em Palmas (TO), capital do Tocantins, que reelegeu a prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB). Além de Marília Arraes (PT), as mulheres não ampliaram seus espaços e amargaram expectativas frustradas, como em Porto Alegre, com Manuela d’Ávila (PC do B), derrotada por Sebastião Melo (MDB).
A disputa em 18 capitais foi de poucas surpresas, como a virada de candidatos que estavam em segundo lugar: em Manaus, com David Almeida (Avante); em Cuiabá, com a reeleição de Emanuel Pinheiro (MDB); e em Maceió, com JHC (PSB). No saldo de primeiro e de segundo turno, o MDB levou cinco capitais e o DEM e PSDB quatro cada um.
O PT chegou a ter nove prefeitos eleitos, em 2004. Esse número veio caindo eleição a eleição: de seis em 2008, depois quatro, um e nenhum este ano. No domingo passado, entre as quatro cidades em que o partido elegeu prefeitos a vitória mais expressiva foi de Margarida Salomão, em Juiz de Fora (MG), que obteve 54,9% dos votos e venceu o candidato do PSB, Wilson Rezato. Uma das maiores derrotas neste 2º turno ocorreu em Recife, onde Marília Arraes (PT) disputava com João Campos (PSB), eleito com mais de 56% dos votos.