As queimadas no Pantanal não são um problema recente em Mato Grosso do Sul e no vizinho Mato Grosso. Pelo contrário, é um assunto que atravessa décadas sem que as autoridades competentes consigam encontrar mecanismos capazes de conter o avanço do fogo que pode ser provocado de várias maneiras, entre elas as indiretas, causadas por faíscas de raios e a reflexão de vidros; e as antropogênicas, que são provocadas pelo homem, algumas de forma indireta, como os casos das bitucas de cigarros jogadas às margens das rodovias, e as diretas, também denominadas programadas ou desordenadas.
As queimadas provocadas por raios e reflexões de vidros normalmente ocorrem sobre uma área de vegetação seca, provocando grandes incêndios. Porém, a causa mais comum da ocorrência de grandes focos de incêndios no Pantanal é a provocada pelo homem que, mesmo sabendo, através de campanhas, que o fogo destrói a fauna e a flora pantaneiras, insiste em usá-lo como forma de limpeza e renovação dos pastos.
Neste ano, a situação se mostra ainda mais grave do que em anos anteriores, pois as queimadas no Pantanal continuam a crescer e a consumir o bioma sem piedade.
Para se ter uma ideia da situação, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) havia registrado o total de 16.201 focos de incêndio até o último dia 23, o que representa o maior valor acumulado no período desde que o órgão começou a monitorar a região, em 1998.
Assim, individualmente, o mês de setembro contabiliza, até a referida data, 6.048 focos de incêndio – o maior número já registrado até agora. Até então, o pior mês de incêndios no Pantanal havia sido agosto de 2005, com 5.993 pontos de calor detectados.
Há que se registrar ainda que, até o dia 23 passado, os 6.048 focos de incêndio registrados no mês de setembro representaram mais que o dobro do que foi detectado no mesmo mês no ano passado, quando o Inpe detectou um total de 2.887 focos de calor na região pantaneira.
Essa dura realidade leva as autoridades a buscar meios e fórmulas capazes de conter o avanço do fogo, mas, embora os esforços conjuntos das autoridades do Estado e da União, a situação na planície pantaneira, tanto a sul-mato-grossense quanto a do estado vizinho, é desesperadora, com o descontrole das queimadas e dos incêndios que continuam a surgir diariamente destruindo por completo centenas de milhares de hectares da flora e matando sem piedade centenas de espécies da fauna do Pantanal.
Uma grande frente de combate ao fogo foi montada, reunindo contingente humano de Mato Grosso do Sul, de Mato Grosso, do Paraná, de Santa Catarina, Distrito Federal e da Força Nacional.