No domingo, uma unidade do Atacadão, em Campo Grande, foi consumida pelo fogo. Sem vítimas humanas, com elevados danos materiais. Ainda que a perícia não tenha emitido sua conclusão final sobre a causa real do sinistro, não há como isentar o homem da responsabilidade central.
Se foi ou não proposital, as investigações e o laudo técnico podem responder. Contudo, a mão e a (des)inteligência humanas estão no foco daquelas assustadoras labaredas. De um lado, as hipóteses de dolo criminoso, negligência e imperícia. De outro, as deficiências dos sistemas de controle, prevenção e combate. Em todos os casos, sempre está presente a condição humana, eficiente ou não.
E nesse território de barbárie criado e alimentado pelo ser humano, o fogo vem a ser uma de suas expressões mais devastadoras, tanto na cidade como no campo. A Amazônia e o Pantanal já vinham ardendo há anos com queimadas criminosas nesta época de estiagem.
O fogo é a solução de maus produtores rurais para substituir o desmatamento, quando sua necessidade de plantar pasto e outras culturas tem pela frente rigorosa fiscalização. Segundo a Polícia Federal, o fogo que devora o Pantanal e abre um cemitério de animais, plantas e cursos d´água é criminoso, com origem na ação de criadores de gado que precisam de áreas disponíveis para plantar pasto para seus bois.
O incêndio, então, não é apenas de empresas atacadistas e ecossistemas. Pode ser que o fogo das ruas e das matas tenha sido ateado antes na consciência de algumas categorias da espécie humana que cedo ou tarde se transformarão em cinzas.