Presidente da Câmara de Vereadores, o professor João Rocha firmou-se no círculo restrito de líderes cuja influência é decisiva na temperatura política da cidade. Com trânsito em todos os segmentos, credibilidade popular, confiança dos colegas e serenidade para ouvir, falar e decidir, é um dos mais cotados para a possível aliança entre seu PSDB e o PSD, do prefeito Marquinhos Trad. Aliás, João Rocha é o firme condutor da harmonia entre Executivo e Legislativo, que deu à Capital seu ambiente de progresso. Nesta entrevista exclusiva a Folha de Campo Grande, ele destaca os desafios de combater a pandemia e manter o crescimento, ressaltando o papel do governo de Reinaldo Azambuja nesse processo.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – O que é mais desafiador: presidir uma Casa de 29 integrantes e muitos interesses conflitantes ou garantir a harmonia entre os poderes sem prejuízos de autonomia?
JOÃO ROCHA – Não vejo como desafios, mas como responsabilidades. A nossa função é dar a todos os vereadores as condições necessárias para que exerçam seus mandatos e façam jus ao voto popular. A diversidade de pensamentos é essência da democracia. Junto à Prefeitura, defendemos ao máximo que se respeite o lado técnico, buscando o que for bom para Campo Grande, cada um em sua esfera, contribuindo de sua forma, dando musculatura ao que foi e será decidido.
FCG – Além de apoiar e garantir ao Executivo medidas de combate à pandemia, o Legislativo também tomou iniciativas próprias. Quais o senhor destacaria?
JR – Entre outras iniciativas, discutimos e aprovamos leis para dar condições melhores à população, como o Fundo de Combate ao Coronavírus, a obrigatoriedade do uso de máscaras e duas etapas de Refis para pagamento de impostos com desconto. Criamos a Comissão Especial da Pandemia, que atua com outras instituições, além de debater os principais temas em lives semanais. Celebramos cooperação com a Cruz Vermelha e a Defesa Civil e ativamos uma central de informações em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde. E criamos um hotsite (coronavirus.camara.ms.gov.br) para que as pessoas saibam, diariamente, com clareza, as decisões do poder público. Esses são alguns itens, mas o trabalho ainda não terminou.
FCG – É correta a estratégia do Executivo de atacar a pandemia e ao mesmo tempo seguir investindo em infraestrutura e outras obras? Isso não é cobrir de um lado e descobrir de outro?
JR – A cidade não pode parar. Lidamos com uma linha tênue entre vida e economia, em que ambas interferem entre si. Por isso, tanto combater a pandemia quanto continuar o desenvolvimento são atos necessários. Este está sendo um ano com um aspecto negativo para muitos, com mortes, desemprego, empresas fechando… Contudo, precisamos da economia forte para que o quadro não seja ainda pior. Achar esse equilíbrio tem sido o grande desafio.
FCG – Qual sua avaliação sobre o comportamento da gestão estadual diante dos desafios impostos a Mato Grosso do Sul neste momento?
JR – O governador Reinaldo Azambuja e seus secretários têm trabalhado forte nesse processo. Os números mostram isso. Andamos numa onda diferente de outros centros. Infelizmente, é uma doença ainda sem vacina, que depende não apenas das políticas públicas estaduais, mas também da consciência de cada um.
JR – São tempos difíceis. Porém, se os órgãos competentes acreditam na possibilidade de realização do pleito, respeitaremos a decisão. Sempre defenderei a democracia, mas fico triste por termos eleições nessas condições: muitas incertezas, com possibilidades complicadas para a população conhecer os candidatos. Teremos menos olho no olho e aquele calor humano, importantes na tomada de decisão de cada um. Ainda temos meses complicados pela frente por conta da pandemia, mas acredito que, apesar de perdas irreparáveis, sairemos fortalecidos como sociedade.
FCG – Qual seu balanço do próprio mandato?
JR – Estamos próximos de concluir mais um mandato. Garantimos conquistas diversas para a população, no plenário e na presidência. Ampliamos a transparência da Câmara e fizemos rigoroso esforço para controle dos gastos públicos, tendo devolvido todos os anos parte do duodécimo para a Prefeitura. Como parlamentar, nossas ações principais foram no esporte, desde reformas nos parques e academias ao ar livre até à conclusão da pista internacional de atletismo, antigo sonho da comunidade esportiva de Campo Grande e do Estado. Posso dizer que nosso mandato foi fiel às raízes que nos trouxeram até aqui, mas sem deixar de trabalhar pela cidade como um todo, desde a parte de infraestrutura até questões como saúde, educação e segurança.