Ainda não existem garantias efetivas para a retomada das aulas presenciais na rede pública de ensino, porém as autoridades já confirmaram a realização de testagem de alunos para a Covid-19. É uma sinalização, ainda inicial, de que existe oficialmente intenção do governo na reabertura das escolas, tanto as públicas como as particulares. O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, disse que o protocolo para a volta dos alunos da Rede Estadual de Ensino (REE) ainda está em fase de conclusão.
“Parte do plano de biossegurança para esse retorno ainda não foi concluída e o governo estuda a possibilidade de testar alunos para a Covid-19”, informou. “A gente ainda não vê no horizonte a volta das aulas presenciais, por isso ainda não estamos com isso fechado. O certo é que cada cidade deverá ter um protocolo feito de acordo com a circunstância dela, de acordo com a situação da pandemia. Vai ter testagem, mas ainda não definimos como nem quantos alunos”, informou.
As autoridades avaliarão a necessidade de fazer testagem em massa ou por amostragem dos alunos quando acontecer a volta das atividades presenciais. Para uma testagem em massa, seriam precisos cerca de 50 mil exames apenas em Campo Grande para os estudantes da rede. Entretanto, em quase cinco meses de pandemia, Mato Grosso do Sul testou 138.458 pessoas em todo o Estado, 57.810 delas na Capital.
DEFINIÇÕES
Se a medida for adotada pela rede municipal, seriam quase 240 mil testes em Campo Grande, cuja rede tem pouco mais de 188 mil alunos. De acordo com o superintendente de Gestão das Políticas Educacionais da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Waldir Leonel, sem previsão para o retorno é difícil ter definições. “O nosso caso teria quatro macroaspectos: o cognitivo, de como seria o aprendizado no retorno dos alunos; o socioemocional, que é trabalhar na questão da família, dos professores e profissionais da educação; a normatização, que é como normatizar o processo; e, por fim, o protocolo de biossegurança”.
Em relação à testagem, Leonel pontua que isso vai depender do processo e da quantidade ou material a ser usado. “Atualmente não temos um posicionamento sobre esse assunto, porque depende de quando nós vamos retornar e de um trabalho com a saúde”, explicou. O município criou uma comissão para tratar dessa volta, e as reuniões devem começar a serem realizadas ainda neste mês. O decreto que restringe as aulas nas escolas públicas vai vigorar até sete de setembro. E o retorno das atividades na rede estadual será orientado pelo Programa de Saúde e Segurança na Economia (Prosseguir).
As atividades de Ensino Fundamental, Médio e Superior só poderão retomar o curso presencial quando as cidades estiveram em grau tolerável do contágio de Covid-19, já que o ensino é considerado de alto risco na transmissão da doença. Dados do último boletim do Prosseguir indicam que somente dois municípios estavam nesta situação, Inocência e Glória de Dourados. A volta às aulas só acontecerá quando a maior parte das cidades estiver nesta fase. Parte do protocolo para o retorno das aulas da rede estadual foi feito pela Secretaria Estadual de Educação (SED) e já está pronto, mas a questão sanitária deverá ser comandada pela Saúde (SES).
A presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Mato Grosso do Sul, Maria da Glória Paim Barcellos, destaca que o protocolo de biossegurança feito pelas instituições de ensino e entregue na prefeitura de Campo Grande não prevê a realização de exames de Covid-19 para o retorno das aulas presenciais. “Isso não impede que as escolas possam oferecer essa medida aos pais”, ressalva. Até agora ela diz não conhecer qualquer notícia de instituições que adotaram esse protocolo. As aulas presenciais, tanto da rede pública estadual quando da particular, estão paralisadas desde 23 de março.