Greyhound é um filme interessante: um thriller da Segunda Guerra Mundial que não aspira ser ganhador de vários Oscar porém nos prende. A maioria das produções realizadas sobre o início da década de 1940 – mesmo aquelas feitas por diretores de grande sucesso – têm durações tão inchadas quanto suas ambições grandiosas. Greyhound, no entanto, é uma experiência mais precisa e íntima – um relato dos movimentos e contramedidas executados pelo capitão do USS Keeling (codinome de Greyhound) durante uma travessia do Atlântico Norte no início de 1942. Limitando o desenvolvimento do personagem a um mínimo – de suas crenças religiosas e seu desejo de se casar com sua namorada, o comandante Ernest Krause (Tom Hanks) é uma personalidade majoritariamente genérica militar. Mas, suas ações de combate, no entanto, que são apresentadas em detalhes, são tudo menos genéricas – são estratégias calculadas.
Empregar um ator com a simpatia inerente de Hanks oferece um atalho útil para estabelecer a identificação do público. A reputação de Hanks preenche muitos dos espaços deixados no roteiro, “enganando” o público a pensar que saberemos mais sobre Krause do que o filme apresenta. Isso permite menos cenas de histórico, fazendo com que o filme entre na história mais rapidamente.
Greyhound é um filme apresentado da perspectiva daqueles a bordo de um destróier. A maioria dos dispositivos estilísticos esperados – a atmosfera claustrofóbica, o aumento da tensão, e as ondas de perigo – estão presentes, mas, em vez de os personagens serem confinados em um longo tubo de charuto, eles ficam presos em um barco que flutua pelas ondas, procurando espiar por baixo da superfície e identificar algum perigo à espreita.
Embora não seja estritamente baseado em eventos históricos específicos, Greyhound se inspira nos incidentes da vida real da Batalha do Atlântico, conforme detalhado no romance de 1955 de C.S. Forester, The Good Shepherd. Ao destilar a essência do livro de 270 páginas em algo adequado para um filme, o também roteirista do longa, Tom Hanks, decidiu se concentrar nos elementos de combate. Os vários navios têm tanto caráter quanto os homens que os controlam. Já o “vilão”, um submarino alemão chamado Gray Wolf, é representado por uma voz sem corpo.
Para Krause, um oficial da Marinha em sua primeira missão em guerra, a missão é guiar um comboio de 37 navios aliados do outro lado do Atlântico até Liverpool. Além do USS Keeling de Krauss, o grupo de acompanhantes é composto pelos destróieres britânicos HMS James (Harry) e HMS Victor (Eagle) e o canadense HMCS Dodge (Dickie). Uma vez que os navios entram no “Poço Negro”, a parte do oceano onde não há cobertura de proteção aérea, eles se tornam vítimas de submarinos alemães. Depois de sair vitorioso após o primeiro encontro com o inimigo, Krause descobre que eles atraíram a atenção de uma “matilha” e, como em qualquer caçada, ocorre um jogo de gato e rato com os atacantes escolhendo membros aleatórios do comboio aparentemente à vontade.
Quem quer um filme de guerra impecavelmente detalhado ou algo rico em desenvolvimento de personagens não o encontrará aqui – ele é mais inclinado para curtir na Sessão da Tarde. Inclusive, para quem deseja aprender mais sobre o fictício Krause, o romance citado The Good Shepherd preencherá essa necessidade – está escrito inteiramente da perspectiva dele.
Greyhound é um exemplo simples de um tipo de filme de guerra mais antiquado, focado numa batalha. O roteiro de Hanks é um exemplo de narrativa econômica, porém o resultado final são 75 minutos emocionantes.
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