As notícias que entristecem, chocam e desesperam são constantes neste Brasil que anoitece e amanhece diante de um pesadelo que parece interminável. Quase sempre à noite as manchetes da televisão trazem boletins atualizados sobre os terríveis estragos que a pandemia da Covid-19 vem causando. Na quarta-feira passada eram mais de 2,2 milhões de casos confirmados e as mortes avançavam além dos 82 mil, chegando perto de romper a casa dos 100 mil óbitos.
Felizmente, há agora o contraponto mais positivo que se poderia desejar para tirar de cena a presença absoluta das notícias de dor. Enfim, a Ciência está chegando ao limiar de uma das respostas mais importantes e esperadas do planeta: a descoberta de uma vacina contra o coronavírus. Uma, apenas, não. Por enquanto, existem cinco já na fase final de testes em humanos.
É a esperança que cava seu espaço num ambiente atacado pelo medo, pela dor e pela insegurança na inglória luta que vem sendo travada entre o homem e um inimigo viral poderoso, tido como humanamente invencível. E é evidente que valeram e valem as orações, a fé e a confiança no poder sobrenatural e santo que não conhece limites e nem barreiras quando quer avançar.
A esperança vem exatamente da inteligência e da força que, como dons naturais concedidos pelo Espírito, irrigam a descoberta de mais um caminho para que as vidas encontrem sua saída e libertem-se das grades em que foram aprisionadas para, sem outro recurso, esconder-se do vírus, proteger-se dele, isolando-se de convívios afetivos, renunciando a direitos fundamentais como trabalhar e se divertir, amargando renúncias e perdas danosas como o emprego, a renda e a presença de entes queridos que tombaram nesta luta.
Por isso, torna-se essencial exaltar, divulgar e promover a esperança. Não para a celebração definitiva de uma vitória que ainda precisa ser consolidada. Falta pouco, mas o apito final ainda não foi dado pela Ciência. Mas é a própria Ciência que traz diante do mundo a esperança viva de uma solução que parecia tão distante. A corrida pela vacina curativa é estimulante e alentadora. Empresas, governos e instituições em vários países aceleram o passo para produzirem o antídoto.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, até o início da semana passada eram 120 projetos laboratoriais em franco desenvolvimento no mundo, sendo que oito deles em fase de testes em humanos e quatro ou cinco podem sair ainda neste ano. As vacinas mais promissoras estão sendo produzidas na China, Estados Unidos e Inglaterra.
Antes, a previsão era de que estariam liberadas para aplicação em massa apenas no ano de 2021. Hoje já se fala que até o final deste ano os governos poderão lançar as campanhas de vacinação. Um detalhe chama a atenção e causa orgulho nos brasileiros: o projeto inglês, de Oxford, considerado o de melhor resolução antiviral, tem à frente o paulista Pedro Folegatti.
Mestre em saúde pública, Folegatti já trabalhou pesquisando doenças tropicais, infecciosas e parasitárias no Brasil, na Tanzânia, em Uganda e no Reino Unido, antes de se tornar um dos principais cientistas do instituto que tem o nome do inventor da vacinação, Edward Jenner, na Universidade de Oxford. Ele está aí para demonstrar, de uma vez por todas, que a Ciência tem as respostas mais confiáveis e seguras – e que essa onda de “gripezinha”, “corpo de atleta” e cloroquina, sem o aval médico-científico, pode ser um autêntico tiro no pé ou em partes mais letais.
Fiquemos com a esperança que nos traz certezas e não brinca com o direito que todos têm à vida e à saúde sem correr riscos.