Nas eleições de 2016, o comerciante e ativista comunitário e social José Jacinto de Lima Neto, o Zé da Farmácia, concorreu pelo PROS a uma vaga na Câmara Municipal de Campo Grande. Teve 2.777 votos. Ficou em 28º lugar entre os 656 candidatos, com mais votos até que vários dos 29 eleitos. Não alcançou a vaga porque faltaram votos de legenda.
Agora, filiado ao Podemos, parte para novo desafio nas urnas, convocado pelos amigos e admiradores, além de atender uma motivação pessoal: gratidão. E explica que nas eleições anteriores teve a atenção e o carinho de pessoas que nunca tinha visto. “Isso continua até hoje. Então, disputar a eleição em 2020 é uma forma de retribuir todo esse carinho”, afirma.
Aos 50 anos, popular na região das Moreninhas e em outras áreas urbanas, Zé da Farmácia conquistou admiração e respeito nas atividades profissionais e sociais, graças ao seu trabalho comercial e ao envolvimento com o esporte e demandas comunitárias. E tem ainda um recorte especial a reforçar seu perfil de sensibilidade e visão humanista: o amor aos animais. Possui e cuida de dezenas de gatos, além de disseminar nas pessoas a importância dessa relação de afeto.
Zé da Farmácia falou à FOLHA sobre os seus planos, o desejo da sociedade de renovação política, o desafio do coronavírus e fez uma avaliação do papel que deve ser exercido pela Câmara de Vereadores.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – Em 2016 o senhor teve quase 2.800 votos, foi o 28º mais votado e não ficou entre os 29 eleitos.
Faltou dinheiro, o partido era fraco ou precisava mais experiência?
ZÉ DA FARMÁCIA – Tive a honra de receber 2.777 votos dos eleitores de Campo Grande, sendo o 28º melhor votado entre os 656 candidatos. Das 29 cadeiras disponíveis na Câmara de Vereadores, minha votação foi superior a pelo menos seis dos eleitos por coligações partidárias. Em algumas comparações, tive até 7% a mais de votos. Disputei o pleito eleitoral pelo PROS, que por alguma razão partidária não se coligou com outros partidos. Foi um fator determinante para não conseguirmos quebrar a barreira do quociente eleitoral, obtendo apenas 1,89% dos votos válidos. O recurso financeiro numa campanha é fundamental, mas não foi o fator que me impediu de ser eleito. O que ficou de aprendizado são inúmeras situações, em especial e determinante a escolha do partido. Hoje, filiado no Podemos, com quadro excelente de pré-candidatos, todos com serviços prestados à comunidade e alguns já experimentados nas urnas, eu acredito que teremos uma ótima disputa interna.
FCG – Quais os motivos que o levam a entrar de novo na disputa eleitoral?
ZF – Um sentimento de gratidão. O processo eleitoral em 2016 deixou em mim uma carga de energia saudável muito forte. Não tinha noção de como era querido por minha comunidade. Recebi carinho de pessoas que nunca tinha visto, inúmeras abraços, cumprimentos… E isso continua até hoje. Disputar a eleição em 2020 é uma forma de retribuir todo esse carinho, com muito trabalho e dedicação na busca dos votos.
FCG – O que é que o senhor acha que pode oferecer de novo ou inovador aos eleitores?
ZF – A política é muito dinâmica, oscila conforme as instabilidades dos poderes, seja Municipal, Estadual ou Federal. Poderia citar aqui temas sobre saúde, educação, segurança, assuntos fundamentais na vida das pessoas e presentes nas atividades diárias do parlamento municipal, seja pra fiscalizar, votar, aprovar, propor e dirimir conflitos e ideias. O pós-pandemia, por si, já será um grande desafio para 2021. Mais que propostas e ações inovadoras, haverá uma necessidade maior de compreendermos as mudanças necessárias, algumas já em andamento neste período e que estão mudando radicalmente a forma de comunicar, conviver, no lazer, no trabalho.
FCG – Hoje sua base eleitoral está concentrada na atividade comunitária, na experiência comercial e no apoio aos esportes ou há outras áreas de atuação?
ZF – Por ter atuado no comércio desde os 13 anos de idade, em especial no ramo farmacêutico, tendo até um apelido carinhoso relacionado à farmácia, é natural que as pessoas possam facilmente me identificar e rotular com esse importante segmento da sociedade. Mas minhas ações sempre foram voltadas para a comunidade com atuações sociais, no esporte amador e profissional e na assistência comunitária.
FCG – O senhor ainda cuida de dezenas de gatos. Como, porque e quando começou essa dedicação aos animais?
ZF – Na infância e em parte da minha adolescência no interior sempre tive contato com animais, seja para tratar ou de estimação. Os inúmeros gatos de estimação que tenho em casa surgiram já na minha vida adulta. Pássaros, cães e até codornas já tiveram cuidados e dedicação minha, antes dos gatos. Os felinos foram chegando gradualmente e fazendo parte de nossas vidas. Meu filho adotivo, ainda criança, fez uma cirurgia de vista e ao longo de sua recuperação pediu um gatinho. Em pouco tempo já eram três. O amor pelos felinos era contagiante na família. Mas um fator que nos aproximou ainda mais foi perceber que, com a paixão pelos gatinhos, minha esposa, que fazia uso constante de medicamentos, em pouco tempo não precisava mais disso, passou a levar uma vida saudável. E pensar que começou com a Mia e hoje temos até Gatito Fernandez [apelido do goleiro do Botafogo/RJ].
FCG – Qual sua avaliação sobre o papel que a Câmara desempenha hoje e o que precisa ser feito para melhorar?
ZF – As pesquisas apontam uma tendência de renovação em até 60% do quadro atual de vereadores. Isso já demonstra que algo está errado. A população, atenta, não está contente com os trabalhos desenvolvidos e projeta mudanças nas urnas. O que me traz uma indagação é termos uma Câmara de Vereadores com infraestrutura invejável em todos os sentidos, um quadro permanente com servidores altamente qualificados em todos os setores para dar assistência aos gabinetes, deixando os vereadores habilitados e seguros em perfeitas condições de desempenhar, junto aos assessores e correligionários, seus papéis institucionais de parlamentares.
FCG – Campo Grande tem um dos piores índices de isolamento social, está na faixa vermelha das contaminações. São necessárias medidas mais rigorosas para forçar uma adesão maciça da população ao isolamento ou há outras alternativas?
ZF – A situação é tão complexa que a própria pergunta já vem com a resposta inclusa. Talvez mais do que dar sugestões, diante desse cenário angustiante, com perdas e famílias destruídas, é dar exemplo prático individual, seguindo os protocolos de segurança sugeridos pelas autoridades constituídas e competentes no combate aos vírus.