Mesmo diante das incertezas geradas pela crise da pandemia do coronavírus, em março passado a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) já estava estimando um desempenho diferenciado do Brasil nas exportações. Um dos indicadores não deixa dúvidas: o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) divulgou que, em 2020, as exportações brasileiras de carne de frango devem crescer 5%, atingindo novo recorde – de quatro milhões de toneladas – apesar do ambiente árido da economia por causa da Covid-19.
Nesse compasso, Mato Grosso do Sul chegou disposto a atestar seu potencial no agronegócio, dentro de um nicho que não tem ainda a visibilidade midiática da soja e da carne bovina. De acordo com a Carta de Conjuntura do Setor Externo, publicada pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), as exportações de carne de aves no primeiro semestre deste ano aumentaram 25,34% em termos de valor, na comparação com o mesmo período de 2019.
Os dados estão na Carta de Conjuntura do mês de junho. As operações externas nos primeiros seis meses deste ano somaram US$ 126,27 milhões, contra US$ 100,74 milhões do ano passado. “Isso é resultado da política de fomento à avicultura que foi implantada pelo Governo do Estado, ao diálogo permanente com o setor e à adoção de rigorosos protocolos de biossegurança”, analisou Jaime Verruck, titular da Semagro.
POSIÇÃO INTERESSANTE
O secretário informa que foram exportadas 23 mil toneladas a mais de carne de aves no primeiro semestre de 2020. “Nós estamos aumentando nossa produção e assumindo uma posição interessante no mercado internacional”, exulta. Segundo a Semagro, Mato Grosso do Sul tem a China como principal parceiro comercial, representando 50% do total das exportações locais.
Para preservar esse mercado, Verruck salientou que o governo tem estabelecido protocolos de biossegurança para todos os setores industriais, com participação efetiva dos setores público e privado. “Criamos o Programa Prosseguir e um programa de saúde e segurança na economia. O Estado monitora as indústrias credenciadas para exportação e os padrões de biossegurança têm mostrado resultados positivos”, discorreu.
Verruck frisou que o Governo tem como meta estratégica a manutenção do credenciamento de unidades industriais de exportação, inclusive para a China, dada à sua importância na pauta de exportação e na geração de empregos. “Para isso, precisamos cuidar dos protocolos e da saúde das pessoas. Todas as vidas importam”, acrescentou. Os órgãos sanitários estaduais e federais têm monitorado a produção da indústria nesse período de pandemia da Covid-19 e dá orientações sobre protocolos de biossegurança, a fim de que não haja prejuízo às operações externas.
Na pauta da carne de aves, a China também é o grande destino das exportações. “Estamos acompanhando de perto o setor. Em Dourados, temos a BRF, que gera mais de 1500 empregos, apresenta crescimento das exportações e mostra como os protocolos produzem resultados satisfatórios”, ressaltou. No primeiro semestre deste ano as carnes de aves representaram 4,27% do total das exportações sul-mato-grossenses.
Os principais destinos do produto, nesse período, foram a China (23,74%); Japão (18,81%); Emirados Árabes Unidos (7,49%); Cingapura (6,67%); e Kuweit (4,03%). Em relação aos demais estados produtores, Mato Grosso do Sul é o segundo maior exportador de carne de aves do Centro-Oeste – o sexto maior do país.