Adiadas para novembro, as eleições municipais deste ano contarão ao povo as diferentes realidades que políticos, partidos e programas viveram ao longo do tempo em que tiveram a oportunidade de ser testados em suas verdades e atribuições. Sob o rigor dos meses de quarentena por causa do coronavírus, os eleitores ganharam um acréscimo de tempo para refletir mais e melhor sobre o que fizeram do seu voto no pleito anterior. E também para decidir o que fará quando for ao próximo encontro com as urnas.
Não é por falta de partidos e de programas que o necessário exercício de votar será sacrificado. São mais de 33 habilitados pela Justiça Eleitoral. Candidatos, então, há de mamando a caducando, de todas as cores, assumindo compromissos com o céu e a terra. Infalivelmente, a caça aos votos vem com outros ingredientes inevitáveis, entre os quais currículos vitoriosos, um mais recheado que outro.
Perguntar-se-á então o eleitor sobre como fazer para acertar na escolha das candidaturas. Não é simples. Contudo, há uma lógica que pode funcionar e é a mais simples e adequada: analisar o histórico dos partidos e das candidaturas, fazer a acareação entre o que propõe a palavra e o que demonstram as atitudes.
No caso brasileiro, grande parte das agremiações partidárias e dos indivíduos que as compõem tem suas histórias e protagonismos à disposição da leitura popular. E no âmbito regional, apesar de sua tenra idade, esse Mato Grosso do Sul de 43 anos de vida já acumula interessantes experiências, antigas e recentes, capazes de fornecer ao eleitorado elementos objetivos para análise e, eventualmente, escolha de candidatos.
Dos partidos mais calejados que entrarão na próxima disputa, destacam-se entre outros o PT, MDB, PSDB, PDT, DEM (ex-PFL) e PTB. Em matéria de representação nos postos eletivos e em desempenho eleitoral, os petistas, petebistas, emedebistas e tucanos se sobressaem. Todos elegeram governadores e tiveram suas oportunidades de mostrarem ao que vieram. Possuem no fichário vitórias e revezes, porém uns trazem marcas mais profundas.
O MDB – ou PMDB – é o partido que mais vezes esteve no poder. Começou em 1983, com Wilson Martins, e foi até 1990. O PTB governou de 1991 a 1994, porém o emedebismo voltou com o mesmo Martins em 1995. Em 99 o PT tomou a cena, a qual dominou até 2006. E mais uma vez o MDB voltou a dar as cartas, com André Puccinelli de 2007 a 2014, quando a trajetória foi interrompida pelo PSDB, de Reinaldo Azambuja.
De todos esses ciclos, o que deixou os rastros mais enlameados foi o do MDB. E toda a opinião pública está bem-informada sobre o que foram oito anos de andrezismo. Tais informações vêm sendo fornecidas à sociedade pelos meios de comunicação, e no espaço mais negativo possível: as páginas policiais. Os casos denunciados pelos órgãos policiais e de controle e repressão à corrupção juntaram durante anos indícios fartos do desmonte financeiro do Estado, por meio do esquema fraudulento de desvio de recursos liderado por Puccinelli.
O MDB escreveu capítulos históricos com sua atuação decisiva na resistência ao violento obscurantismo da ditadura militar. Conquistou com isso o crédito eterno dos democratas. Entretanto, eterna também é a conta que a sociedade cobra pelos provados desmandos e vergonhosos exemplos de falcatruas, trambiques e fraudes praticados pelo esquema que colocou vários de seus atuais ícones na cadeia ou nos alvos de operações policiais de combate à corrupção. Sem dúvida, esta é a conta que o eleitor tem a cobrar de Puccinelli e os que carregam seu andor.