Se as previsões mais otimistas forem confirmadas e a pandemia da Covid-19 só estiver controlada em 2021, as eleições municipais deste ano, que acabam de ser adiadas de outubro para novembro, acontecerão ainda no auge dos estragos econômicos e sociais causados pela doença. Apesar disso, prefeitos que querem a reeleição temem prejuízo eleitoral com efeitos da pandemia.
A grande maioria dos prefeitos que pretende concorrer à reeleição sabe que ingressará numa disputa imprevisível. O cenário estará contaminado pelos efeitos e prováveis desgastes instalados numa sociedade insatisfeita com a falta de respostas do poder público a investimentos e demandas reprimidos. Restará aos gestores o desafio de convencer os eleitores que esse tipo de atenção faltou porque os cofres municipais ficaram exauridos. As receitas caíram fragorosamente, as atividades econômicas sofreram uma profunda retração, o desemprego aumentou e as estruturas públicas de serviços, especialmente da saúde, ficaram comprometidas.
Este desenho já era traçado pelos prefeitos de Mato Grosso do Sul, que durante a última reunião da Associação dos Municípios (Assomasul), na semana passada, reiteraram os apelos à bancada federal para que apoiasse o projeto do adiamento em um prazo ainda mais distante da data original do calendário, para garantir o máximo de segurança aos eleitores e candidatos.
Além disso, existe a questão da igualdade de condições entre as candidaturas, que estaria afetada, segundo alguns prefeitos pré-candidatos, pelos efeitos da crise pandêmica na gestão municipal, fator que foge à responsabilidade individual ou pessoal dos gestores. “O adiamento é uma necessidade, mas não sabemos se é suficiente o prazo definido. O que precisamos é de segurança total, indiscutível, para que não fiquem expostos à doença os eleitores e os candidatos, assim como quem trabalha nas eleições”, reforçou o presidente da Assomasul, Pedro Caravina (PSDB). Prefeito de Bataguassu, ele não é candidato à reeleição porque já está em segundo mandato.