É verdade que a pandemia do Covid-19 afetou e muito o cenário econômico e social em todos os países. Não é das melhores a previsão de recuperação a curto ou médio prazo. No Brasil, o reflexo está no aumento do número de desempregados e na retração de atividades e investimentos.
No entanto, as más notícias não conseguiram dominar totalmente o panorama, principalmente se for considerado o mapa de regiões que, aos poucos, mesmo sem a intensidade pré-pandemia, estão resistindo bravamente. Há estados que até estão avançando na abertura de oportunidades que pareciam improváveis para a geração de emprego e a retomada ou o fortalecimento de setores da economia.
Mato Grosso do Sul está imerso neste labirinto de prós e contras. Se de um lado existe a estatística da preocupação com o crescimento de casos de contaminações pelo coronavírus e o impacto sobre os negócios, de outro lado há demonstrativos concretos de controle dos fatores de propagação da doença e, ainda, de avivamento da economia.
Basta conferir desempenhos certeiros e vitoriosos do poder público, por parte de políticas públicas do governo estadual e prefeituras, e da iniciativa privada, no fôlego de vários segmentos que remam contra a correnteza e conseguem avançar. Ai está, como exemplo, o Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Vestuário, Tecelagem e Fiação de Mato Grosso do Sul, celebrando uma desafiadora, mas promissora, realidade.
O presidente da entidade, José Francisco Veloso Ribeiro, elogiou a decisão do Governo do Estado de beneficiar as indústrias do vestuário por meio de um decreto que incentiva o segmento a manter a atividade econômica com a adaptação da produção. A medida, afirma esse dirigente, atende à demanda da indústria do vestuário, preservando empregos, dando mais competitividade aos produtos e favorecendo o consumo local.
O que fez o governo? Simplesmente modificou a legislação e a ajustou ao contexto excepcional para incentivar a produção. Com base tributária menor, passou a incluir produtos oriundos da reconversão industrial e abastecer o mercado que procura peças associadas à prevenção contra a pandemia, como máscaras faciais de uso único, de tecidos, máscaras de proteção ou cirúrgicas, toucas de proteção, capas descartáveis, material hospitalar descartável e protetores de pés.
Em outro flanco de contra-crise, Mato Grosso do Sul desacelera o número de demissões. No Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o número de novos contratados aumentou 18% e as demissões diminuíram 20% no comparativo entre abril e maio.
Na construção civil, a criação de vagas surpreendeu pelo desempenho, com 87 postos de carteira assinada abertos em maio. E o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada (Sinticop-MS), Walter Vieira dos Santos, chamou a atenção para um detalhe importantíssimo: não houve demissões no período.
Dessa forma, é essencial atentar para as diferentes faces da realidade. Uma é a que preocupa e entristece, com o retrato doloroso de contaminações e mortes e a quase paralisação da economia. Mas outra face a ser vista e que serve de inspiração e ânimo para todo mundo é a do oxigênio que o poder público e as empresas privadas, de um modo compartilhado, cada um renunciando naquilo que puder, oferecem a toda a população nestes dias incertos e imprevisíveis.
Confiar é preciso!