Apesar das previsões de retomada lenta da economia, o comércio do Estado já sente uma amenização dos impactos da pandemia de Covid-19. É o que indica a segunda edição do estudo “Impactos do Coronavírus no Comércio de Bens e Serviços de MS”, divulgada na quinta-feira (18) pelo Sebrae/MS e o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio (IPF-MS).
O levantamento mostra que o comércio atravessou sua pior fase em abril e maio e, a partir de junho, a tendência é de melhoria. Alguns indicativos são o grau de medo com a pandemia ter diminuído, tanto para empresários quanto consumidores; aumento nas vendas para alguns segmentos; e as demissões terem perdido força, principalmente na mesorregião Leste. Enquanto em abril, 38% das empresas precisaram demitir, em junho, 28% tomaram esta medida.
No que diz respeito a receio com os impactos da pandemia, a pesquisa aponta que o grau de medo (medido em uma escala de 1 a 5), obteve uma redução no nível mais alto, que corresponde a “muito medo”. No caso dos empresários, em março, o receio era alto para 50% dos entrevistados; em abril, o índice caiu para 44%, e no início de junho, apenas 36% escolheram o grau 5.
“Quando o consumidor começa a ter mais sensação de segurança em relação à renda, de que não vai perder o emprego ou ter diminuição nela, ele tende a consumir mais, fator bem relevante para o comércio. Políticas de liberação de renda e a redução desse nível de medo faz com que as pessoas voltem a frequentar alguns lugares, mas os empresários não devem descuidar da biossegurança, para que essa retomada seja segura”, explica a analista do Sebrae/MS, Vanessa Schmidt.
Além disso, ao se adaptar e realizar alterações nos negócios, os empresários contribuíram para efeitos menos negativos em junho. Segundo a pesquisa, a maioria investiu nas vendas pelas redes sociais (30%). Os empreendedores também passaram a utilizar ou intensificar a presença nas plataformas on-line de comercialização (22%) e outros adotaram as entregas em domicílio (13%).
A economista do IPF/MS, Daniela Dias, explica que alguns segmentos “puxaram” as perspectivas mais otimistas. “Quando falamos que temos um cenário menos pior em relação ao mês de abril, temos alguns segmentos que contribuíram para isso, além das estratégias adotadas pelos empresários. Dentre os segmentos de destaque, estão a alimentação e a parte de compra de materiais de construção e consertos. Isso está ligado também ao comportamento, já que as pessoas estão mais tempo em casa”, disse.
As alterações realizadas pelos empresários vão permanecer no período de pós-pandemia. Entre elas, estão as adequações no processo produtivo, como adoção de novas medidas de biossegurança, redução de custos ou desperdícios (23%), a obrigatoriedade da utilização de máscaras e luvas pelos clientes (21%), o controle do fluxo de pessoas no estabelecimento (19%) e o atendimento presencial agendado (15%).
CONSUMIDORES
Além de abordar os efeitos da crise para os empresários e como eles estão reagindo, a pesquisa ouviu os consumidores. O estudo aponta que a responsabilidade social da empresa será um fator determinante para as compras daqui para frente. Para 82%, será o principal atrativo, seguindo por promoção à vista (68%), atendimento (49%), cartão de crédito (30%) e variedade (21%).
Para a analista do Sebrae/MS, Vanessa Schmidt, o comportamento de consumo é uma oportunidade para os empresários. “Essas ações de responsabilidade social têm sido priorizadas pelos consumidores, é importante comunicar isso, se tornará um fator de fidelização. Quem adotou isso terá vantagem na retomada e um ganho de mercado”, finaliza.
A pesquisa ouviu 1.689 consumidores por telefone, entre os dias 4 a 18 de maio, com 95% de nível de confiança e 3% de margem de erro. O estudo também aplicou 352 questionários a empresários, de forma on-line, entre os dias 26 de maio a 9 de junho, com 95% de nível de confiança e 5% de margem de erro. Ao todo, 45 municípios de Mato Grosso do Sul participaram do levantamento.