Reeditar o fechamento do Parque dos Poderes ao público nos fins de semana é mais uma das medidas drásticas que o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) se vê obrigado a adotar para induzir a sociedade a ficar em casa. Quer evitar aglomerações e, assim, inibir a propagação rápida do Covid-19. O secretário de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Corrêa Riedel, é taxativo: “Se não alcançarmos com o isolamento social da população uma média de adesão mínima, nos padrões recomendados pela Organização Mundial de Saúde, será muito difícil conter uma propagação veloz do coronavírus”, afirmou.
Riedel pondera que mais de 70 medidas de prevenção e combate ao vírus foram tomadas pelo Estado, porém para alcançar os resultados desejados é vital a participação da sociedade. Isso não vem ocorrendo. Daí nasce a decisão de impedir temporariamente o acesso das pessoas a um dos maiores e mais frequentados espaços públicos de Mato Grosso do Sul. A área voltará a ser liberada logo que a situação mudar. “O motivo é simples: as pessoas ficam comprimidas em calçadas, em espaços específicos. Ampliar essa área é recomendável. Vamos ampliar para que haja menos contato, menor risco em relação às atividades que queiram praticar”.
O secretário recorre ao bom-senso da população. “Pedimos que não fiquem em grupos, que grupos de corridas também se mantenham ativos, mas sem reunir pessoas. Lembramos que o isolamento ainda é o mais indicado como prevenção”, diz. Ainda não foi divulgada a data, mas provavelmente o fechamento para fluxo de carros voltará já no feriado de sexta-feira, 1º de maio. Sobre a liberação de outros espaços, como o Parque das Nações Indígenas, Riedel informou que ainda não há previsão de reabertura.
NÚMEROS
A adesão ao isolamento social recomendado pelas autoridades tem sido atendido por menos da metade dos sul-mato-grossenses. Das 27 unidades federativas, Mato Grosso do Sul é o terceiro em menor número de casos e mortes no País. Para a Secretaria de Saúde, o cenário de “controle” da doença é resultado de medidas de isolamento adotadas entre o final de março e começo de abril. Mas o cenário é preocupante. O recolhimento da população segue no mesmo ritmo do Brasil, com poucas pessoas em casa e muita gente correndo risco de contágio nas ruas.
Na segunda-feira passada, o monitoramento por geolocalização registrou no Estado um índice de isolamento social de 42,2%. No comparativo com as outras três segundas, a adesão caiu seis pontos percentuais, significando que aumentou o número de gente fora de casa. O comportamento da população nos municípios resulta na média do Estado e projeta a posição do ranking nacional, que tinha Mato Grosso do Sul como o penúltimo no dia 27. De maneira geral, 17 cidades sul-mato-grossenses ficaram abaixo dos 40%, e apenas duas acima dos 60%. O pior isolamento foi registrado em Tacuru (26,6%) e o melhor em Bela Vista (64,3%). Campo Grande teve isolamento de 41,9%, com alguns bairros registrando assustadores 20%.