Na mesma linha de argumento, o presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar, em conferência realizada com empresários na sexta-feira (20), que a “nossa economia não pode parar” e elencou a produção de alimentos como primordial para que o País enfrente a pandemia do novo coronavírus. “Nossa economia não pode parar, no tocante à produção de alimento”, disse, criticando a posição de governadores, como a de Wilson Witzel, de fechar as fronteiras do Rio de Janeiro para voos e ônibus.
“Não procede algumas medidas tomadas por algumas autoridades pelo Brasil, como fechar os aeroportos e as estradas”, afirma Bolsonaro. O presidente afirmou ainda que as emendas parlamentares, que somam R$ 8 bilhões, serão destinadas ao combate da pandemia. “Em comum acordo, os parlamentares abriram mão de R$ 8 bilhões de emendas individuais e de bancadas, recurso esse que vai diretamente ao Ministério da Saúde”, disse ele.
O presidente voltou a falar em “histeria” e disse que um possível aumento nas taxas de desemprego pode ser mais nocivo do que o vírus em si. “Não podemos entrar em pânico. Temos que tomar as medidas necessárias, mas sem histeria”, afirmou. “Se crescer muito [o número de desempregados], pode ser muito pior”. Ele disse que o Brasil precisa continuar se movimentando e que as medidas não podem colocar em prática o setor produtivo. Ele pediu que o governo centralize as atuações por meio de um conselho de crise. “A primeira sugestão é que se crie um comitê de gestão sobre a sua presidência para que haja a participação de todos nós”, apelou.
Entre os presentes, estavam representantes de diversos setores, como o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, e o presidente da Riachuelo, Flávio Rocha. Em sua manifestação, Skaf elencou a saúde como prioridade em detrimento à atividade econômica e disse que o setor privado pode ajudar na gestão da crise. “Todas as necessidades, como materiais, estamos dispostos a ajudar. Na área econômica, podemos colaborar muito”, afirmou ele. “Nós estamos à disposição para ajudar nesta guerra. Nós temos a consciência que primeiro tem que ser controlada a situação da saúde”, disse. “A iniciativa privada quer participar, não para pedir, mas para dar”.
O dono da construtora Cyrela, Elie Horn, famoso por sua atuação filantrópica, apelou para que os empresários se motivem a ajudar durante a crise. “Sugiro que haja menos egoísmo do empresariado. Temos que compensar o egoísmo que fazemos uso normalmente”, disse ele. Já o empresário Abílio Diniz pregou que as pessoas se isolem para que a disseminação do vírus seja contida. “Não podemos impedir o trânsito de mercadorias e pessoas, mas temos que nos mobilizar para que as pessoas fiquem no mesmo lugar”, disse ele, afirmando que a decisão de isolamento tem que ser centralizada pelo Governo Federal, para evitar que a doença se alastre ainda mais nas regiões Norte e Nordeste do país.