Cada vez mais empresas no Brasil têm adotado cartões de marca própria, seja para oferecer aos clientes parcelamento, condições especiais de pagamento ou até mesmo descontos em produtos, o grande objetivo dessa estratégia é fidelizar seus clientes e alavancar as vendas. O aumento na oferta está ligado no crescimento do uso do cartão. Isso porque, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), as compras com cartão cresceram 18% e somaram R$ 850 bilhões somente no primeiro semestre de 2019.
Para chamar ainda mais atenção dos consumidores, a aposta é oferecer cartões exclusivos, muitas vezes com benefícios vinculados. Esses cartões são chamados de “private label”. São cartões de crédito com ou sem bandeira e que carregam em si a estampa da marca ou empresa. Geralmente, funcionam apenas em um estabelecimento específico e têm o propósito de facilitar as compras dos clientes.
“São estratégias que induzem a fidelização e retorno do cliente e o empresário ainda conta com uma série de reduções e facilitadores ao adquirir tal serviço. Que vão desde redução de taxas, isenção de valores referente à maquininha de cartão com bandeiras específicas, redução nos valores na tarifação de telefonia de celular no uso dos pontos de venda e, até mesmo, à maior garantia de recebimento”, explica Vagner Alexandre Teixeira, analista do Sebrae/MS. Outro ponto interessante é que a empresa conquista um cadastro dos consumidores, podendo ampliar seu banco de dados ao identificar os diferentes perfis de compra.
Para os clientes, as vantagens são grandes, segundo Vagner. Desde o conforto e a exclusividade em promoções na hora de realizar as compras, graças aos privilégios e ações destinadas a clientes fiéis, há ainda outros pontos positivos como melhores prazos de pagamento, melhores condições de parcelamento, maior flexibilidade, isenção de taxas como anuidade e taxa de adesão, e ainda, a disponibilidade de promoções e descontos exclusivos.
Em Campo Grande, o Fort Atacadista adotou o Vuon Card e após um ano de lançamento do cartão a empresa está satisfeita com os resultados. Pelo cartão, os usuários têm condições especiais de parcelamento e podem pagar preços mais baixos em determinados produtos. “Essa é uma forma de ofertar os preços baixos que o consumidor está acostumado a pagar à vista, mas com a facilidade do pagamento em prazo maior para quem tem o cartão. A adesão tem sido muito boa”, destaca a coordenadora de marketing regional da empresa, Rafaellen Duarte.
O Vuon oferece, também, planos odontológicos com cobertura nacional e seguros sobre acidentes, invalidez permanente, perda de renda por desemprego involuntário e até morte. Conta ainda com a assistência básica 24 horas, que oferece ao usuário serviços para residência, como encanador, chaveiro e eletricista.
Outra empresa que adotou cartões próprios para fidelizar os clientes foi a rede Passaletti. O cartão é grátis, não possui anuidade e permite ao comprador parcelar suas compras em até 8 vezes e 5 vezes sem juros. Na hora de escolher a qual cartão aderir, fatores assim são importantes e devem ser colocados na ponta do lápis.
PARA OS NEGÓCIOS
As empresas que planejam ter um cartão próprio de sua marca, precisam, antes de tudo, avaliar a condição de implantação de alguns modelos de Private Label. Existem três tipo, o In-House, o Terceirizado e o Joint-Venture. O primeiro, explica Vagner, é utilizado por grandes varejistas que possuem uma grande estrutura administrativa e tecnológica, além de um suporte de análise de risco que este tipo de negócio necessita. Ele deve ter uma estrutura básica, como Aquisição de Clientes, Concessão de Crédito, Confecção do Cartão, Captura e Transações, Faturamento, Recebimento, Cobrança e Atendimento. “Toda a aquisição do cliente e o relacionamento é feito pelo próprio varejista. Lembrando que a concessão de crédito é a espinha dorsal deste modelo”, pontua.
No Terceirizado, os varejistas fazem parcerias com bancos e instituições financeiras. Nele, a empresa se responsabiliza somente com a aquisição dos clientes e o parceiro institucional financeiro fica com todo o restante operacional e o risco. A responsabilidade da concessão do crédito é toda da instituição financeira. Já o Joint-Venture é implantado em um modelo de gestão no qual os custos, despesas e lucro são contabilizados por uma Joint-Venture criada entre o varejista e a instituição financeira. A concessão do crédito é compartilhada e ambos responsáveis pelo risco e o lucro. Por isso, a dica do analista é sempre avaliar qual o melhor modelo para cada tipo de negócio.