A sessão de terça-feira, 24, deu ao presidente da Câmara Municipal, vereador João Rocha (PSDB), a abertura para um contundente pronunciamento sobre o papel dos mandatos e, pessoalmente, da compreensão de sociedade e representação que marca os compromissos assumidos na vida pública. Mais do que uma reflexão sobre o exercício parlamentar, ele fez uma interessante e necessária provocação acerca da consciência que os políticos e a sociedade precisam ter sobre suas responsabilidades.
Rocha destacou os desafios que se sucedem na trajetória política de cada um e disse que enfrentá-los tornou-se um aprendizado fundamental para justificar e conferir legitimidade à presença de cada mandato no cenário representativo. “Na democracia, é fundamental que estejamos comprometidos em fortalecê-la e qualificá-la, conscientes das atribuições do cargo e preparados para respeitar e conviver com quem tem opiniões diferentes das nossas”, afirmou.
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
“O que dizemos repercute rapidamente, de certo e errado, de bom e ruim. Precisamos ter responsabilidade no exercício do mandato. Não podemos perder o viés do coletivo, o viés da unidade entre vereadores, com liberdade de expressar pensamentos. Aqui, prevalece a maioria e precisamos entender o contraditório. Nem sempre vamos ser contemplados”, considerou Rocha.
Ele não quis se colocar como exemplo vitorioso da geração de homens públicos que fazem esse tipo de reflexão e até enveredando por necessárias e duras autocríticas. No entanto, Rocha já é uma das lideranças políticas consolidadas em Campo Grande e tem um dos mais respeitados perfis de qualificações na interlocução das causas sociais, econômicas e culturais que interessam aos campo-grandenses.
O vereador preferiu referir-se a padrões e valores exemplares encontrados nos mais de 100 anos de história da Câmara Municipal, mencionando algumas personalidades, que se dedicaram ao bem-estar e à qualidade de vida da população, pensando no melhor para a sociedade campo-grandense.
“Cada um de nós, homens e mulheres, precisamos entender que este mandato não é nosso. Apenas estamos aqui exercendo uma função delegada pelos cidadãos dessa cidade. Não podemos perder de vista homens e mulheres que souberam honrar o parlamento, como Plínio Barbosa, Marisa Serrano e Juvêncio César da Fonseca”, exemplificou.
João Rocha também recomendou cautela aos parlamentares que confundem suas profissões com a atividade parlamentar. E frisou: “Quando somos escolhidos, alguém entendeu que merecemos sua confiança. Não podemos ter vergonha, temos que honrar esta confiança. Não podemos misturar a profissão lá fora com o que temos aqui nesta Casa. Não somos professores ou policiais. A experiência aqui nos calça para fazermos um bom mandato. Não podemos nos vestir de vereador e vir aqui fazer outro papel”.