Apesar de a tradição sugerir que o cargo de vice-prefeito(a) seja decorativo e sem uma influência comparável à de quem ocupa a titularidade, nos últimos anos os fatos demonstram que as coisas não são bem assim. No posto máximo de representação eleitoral, a presidência a República, a história recente demonstra que vice-presidentes como José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer contrariam a versão tradicional e não só se destacaram no posto, mas foram protagonistas e marcaram presença na história ao substituírem Tancredo Neves, Fernando Collor e Dilma Rousseff.
Assim, nas disputas sucessórias estaduais e municipais a escolha para segundo nome da chapa majoritária adquiriu uma nova e bem mais ampla dimensão. Em Campo Grande, ano a ano os vice-prefeitos passam a assumir importância mais destacada no cotidiano do Executivo. Com isso, é natural que a disputa pelo cargo em 2020 tenha um tempero diferenciado.
Para a chapa do prefeito Marquinhos Trad (PSD) à reeleição já se comenta que a atual vice-prefeita, Adriane Lopes, irá disputar uma cadeira na Câmara de Vereadores ou coordenar a campanha dos candidatos da chapa proporcional do Patriotas, partido que é liderado por seu esposo, o deputado estadual Lídio Lopes. Não significa que, com isso, Adriane tenha perdido o espaço político que abriu como substituta imediata do prefeito. Ao contrário: ela ganhou um cenário de visibilidade e atuação política que não tinha antes de fazer em 2018 sua primeira disputa eleitoral com candidata a vice-prefeita.
Enquanto Adriane Lopes trabalha a escolha do futuro político que lhe sorri, os nomes disponíveis no tabuleiro para substituí-la estão em franca atividade. E à frente da cotação, o nome abertamente mais empenhado é o do presidente da Câmara, João Rocha, com a experiência de vários mandatos municipais. Rocha tem qualificações reconhecidas para a composição na chapa do prefeito e sabe do desenho favorável ao apoio do governador Reinaldo Azambuja a Marquinhos Trad, em uma aliança PSDB-PMDB.
Existe ainda outra alternativa para vice-prefeito nesta hipotética aliança. É o discreto e comedido titular da Secretaria Estadual de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel. Seu nome já aparecia como solução consensual para, se necessário, a disputa sucessória municipal em 2016. Disciplinado, ele segue a liderança de Azambuja e procura não se manifestar sem ser chamado quando os debates políticos acontecem fora do seu âmbito institucional de atuação.