Uma parceria entre A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e a UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) dobrou o número de vagas para o curso “Português para Estrangeiros”. A aula inaugural, que aconteceu na quinta-feira (15), em um dos prédios da Igreja, teve fala do Reitor Fábio Edir dos Santos Costa.
O curso faz parte do programa UEMS ACOLHE – Acolhimento Linguístico, Humanitário e Educacional a Migrantes e Refugiados, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. As aulas são ministradas há dois anos. Um encontro resultante da parceria já foi realizado no último dia 8, com cerca de 50 estrangeiros, entre eles venezuelanos, bolivianos e haitianos.
O coordenador do curso é o professor João Fábio Sanches Silva, que desenvolveu a técnica que ensina o idioma a estrangeiros de qualquer nacionalidade. Segundo ele, 75 alunos atualmente têm aulas em dois locais: o Polo UEMS, na própria universidade, e o Polo Pioneiros, na Igreja Batista Bíblica. No prédio de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias – localizado na avenida Marechal Deodoro, 1735, Guanandi – irá funcionar o Polo Guanandi, que terá capacidade para três turmas, com cerca de 50 estudantes em cada uma.
“É uma ação da UEMS, na igreja, aberta a todos. Basta que seja imigrante ou refugiado. Por conta do local, das instalações e a proximidade com alguns migrantes, acaba sendo um ponto muito relevante”, destaca o professor. O prédio em questão é de fácil acesso e fica entre os terminais Bandeirantes e Aero Rancho.
Sobre a quantidade de turmas, Fábio explica que poderia haver uma quarta classe. “Lá a perspectiva é trabalhar com três turmas. Só não vamos trabalhar com outra por causa da falta de equipamentos e de voluntários”.
Na aula inaugural de quinta-feira (15), “o Reitor Fábio Edir dos Santos mostrou para os estrangeiros o que a universidade pode oferecer para eles. Temos estudo de validação de diploma, estudos sobre as formas de ingresso desse público migrante na universidade e projetos com certificados que podem ser usados como comprovante de proficiência para naturalização”, detalha João Fábio.
PARCERIA
A parceria foi dada após o coach Gerson Jacques, que é líder de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, ministrar uma palestra sobre recolocação no mercado de trabalho. Ele identificou que a questão do idioma é um obstáculo e procurou o professor Fábio.
“Muitos deles têm ótimas habilidades. Temos professores, enfermeiros, médicos, pessoas com currículos ricos, mas o problema maior é a língua. Se eles tiverem suporte com o idioma, terão mais autossuficiência”, diz Jacques.
Sérgio Bauer de Borba, presidente da Estaca Monte Líbano que atende uma das regiões de Campo Grande, acredita que a comunicação é a única barreira para os congregados estrangeiros. “Temos pessoas com habilidades, mas têm o entrave da língua. A UEMS é importante por causa disso, a instituição pode ajudá-los a se desenvolverem linguisticamente. Quando começarem a falar, quando tiverem a habilidade de entender e serem entendidos, eles vão quebrar as barreiras, pois eles têm bastante vontade de trabalhar”.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias acolheu, até o momento, mais de 70 venezuelanos.
INSCRIÇÕES
Apesar de já haver turmas em andamento, o professor Fábio explica que as inscrições estão permanentemente abertas. “A gente nunca nega inscrição. Temos chegadas constantes de migrantes. Na UEMS tem um trabalho de recuperação de aulas dos que chegam muito tarde e estamos sempre fazendo nivelamento dos alunos”, ressalta.
Para se inscrever, os interessados devem enviar para o e-mail [email protected], uma cópia do passaporte ou outro documento de identificação pessoal e do comprovante de residência. Informações pelos números: (67) 3901-1888 (das 8h às 12h) ou (67) 99984-6419 (WhatsApp).
Em setembro está prevista a abertura de turmas em Dourados, que também acolhe dezenas de imigrantes. De acordo com o professor, naquela cidade uma rede de igrejas também vai colaborar com o espaço. “A ideia é expandir para as principais cidades do Estado que estejam recebendo esses fluxos de estrangeiros”, comenta Fábio.
O professor João Fábio diz que o programa precisa de voluntários. “Preferencialmente, que tenham formação em letras e/ou experiência no ensino de línguas e aceitamos também pessoas que tenham boa vontade, disposição e tempo”, adiciona. Os colaboradores passam por uma capacitação.
O curso tem carga horária de 60 horas/aula, com formatura e entrega de certificado prevista para 27 de novembro na UEMS.