Se as coisas continuarem como estão em Brasília e se Palácio do Planalto, Senado e Câmara dos Deputados continuarem botando a culpa de tudo no povo, nas “intrigas da oposição”, no azar ou não acúmulo de trabalho, o Brasil seguirá estacionado ou andará para trás. E a verdade é que, com os últimos anúncios da economia nacional, o panorama só ficou mais turvo, com um cenário dos mais ameaçadores.
O governo afirma que se a reforma da Previdência não for votada do jeito que foi concebida pelas inteligências econômicas palacianas, o Brasil afundará no caos. Os congressistas dizem que não podem votar isso ou aquilo sem o diálogo e sem projetos claros e bem definidos do Planalto. E para completar esse enredo, a equipe de governo continua espalhando seus monturos, um atrás do outro.
Sem rumo, o País é vítima do famigerado “enrolation”. Quando não é um que empurra a responsabilidade para o outro, o outro é que põe a culpa no um. Com isso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) não poderia deparar-se com situação distinta da que apurou em sua mais recente pesquisa de desempenho da economia nacional, que encolheu 0,2% no primeiro trimestre do ano, comparado a igual período de 2018.
Poderão dizer: ah, só 0,2%! Só?! E quem desdenha esse índice por acaso tem dimensão do tamanho desses 0,2%, do que representa para o dia-a-dia de si mesmo e de todos os brasileiros? Pois se não sabe, precisa saber que esses 0,2% representam um rombo gigantesco e de gravíssimas consequências econômicas e, principalmente, sociais.
Juntamente com os 0,2% de retração – e não de estagnação, como tentam classificar os que tentam minimizar esse baque – chega a informação oficial de que o exército de desempregados no País aumentou consideravelmente, chegando agora a 12,4 milhões de pais e mães de família sem a garantia ao sagrado direito de trabalhar e de ter todo mês um salário para seu sustento.
O Brasil, neste compasso, anda flertando de maneira irresponsável com o atraso e pulando a cerca para aventurar-se nos braços da recessão. O problema é que, ao contrário de governo, de Senado, e Câmara, de ministros e de autoridades constituídas ou não, a crise não tem essa de “enrolation”. É paulada na moleira. E o povo que se exploda!
GERALDO SILVA