Durante a campanha eleitoral o então candidato a prefeito Marquinhos Trad (PSD) prometeu que em seu governo jamais iria contrariar as legítimas vontades da população, incluindo nesse compromisso quaisquer formas de abuso tributário ou fiscal. Depois de conquistar a maioria dos votos de eleitores que confiaram em sua palavra, ele assumiu o mandato em janeiro de 2017 e desde então vem quebrando a promessa. Os exemplos são fartos, entre os quais os tributos e taxas abusivos, o caos continuado na saúde e as armadilhas contra a sociedade, como é o caso da multiplicação de radares sem fins educativos e parte deles oculta para surpreender os condutores.
O abuso com o excesso de aparatos eletrônicos de inibição da velocidade e a armadilha ilegal dos radares escondidos colocam em choque a palavra do mandatário e a confiança da população. Por ordem sua, a Agência Municipal de Trânsito (Agetran) não só resgatou esse tipo de monitoramento que estava suspenso havia dois anos, como também deu ao prefeito mais uma fonte de arrecadação de considerável alcance, contrariando o conceito educativo que deveria ser a primeira finalidade do sistema de controle e fiscalização do trânsito.
E o pior é que o prefeito vem criando todas as barreiras possíveis para impedir que a sociedade exerça na plenitude seu poder legítimo de controle social. Basta aferir as reações do Executivo aos projetos de lei que tentam ajustar os critérios da política municipal de trânsito ao interesse recíproco entre poder público e sociedade, com regras e procedimentos racionais, educativos e edificantes, sem implicar prejuízos à aplicação dos rigores da lei quando necessário.
Em novembro de 2018 a Câmara aprovou o projeto que determina a divulgação dos pontos em que 236 novos medidores de velocidade seriam instalados em Campo Grande. Caberia à Prefeitura dar ampla divulgação da lista com os locais e limites de velocidade de cada medidor. No entanto, o Executivo se valeu do poder exclusivo que possui e passou por cima do Legislativo e da população, vetando totalmente o projeto, que era de autoria dos vereadores Odilon de Oliveira (PDT) e Dr Lívio (PSDB).
APARELHAMENTO
Num contrato de cinco anos com o Consórcio Cidade Morena, a Prefeitura desembolsa R$ 15,4 milhões prela instalação de 90 novos radares, 24 a mais que os desativados em 2016. O diretor-presidente da Agetran, Janine de Lima Bruno, explicou na assinatura do contrato que a instalação de novos radares passaria por um estudo técnico sobre a necessidade e a viabilidade do aparelhamento, considerando itens como localização e fluxo. Contudo, em momento algum nem ele e nem o prefeito falaram sobre o monitoramento por câmeras ou servidores da Agetran escondidos.
Em diversas regiões da cidade as câmeras dos radares funcionam ativamente. Os que estão escondidos vêm sendo revelados e denunciados por vários condutores, entre os quais desembargadores, deputados, profissionais liberais e curiosos. Um dos radares foi implantado atrás de árvores na Rua Padre João Crippa. Outro, na Avenida Mato Grosso, é dos mais conhecidos e com frequência está nas redes sociais em postagens de campo-grandenses indignados. Entretanto, nada disso parece abalar o prefeito Marquinhos Trad, certamente satisfeito com o faturamento proporcionado por mais esta fonte de renda imposta sobre o lombo dos consumidores.