Os sucessivos aumentos tarifários em Mato Grosso do Sul criaram uma ciranda perversa de esganadura da renda familiar. Em 74 municípios do Estado é a Energisa e em Campo Grande a Águas Guariroba destacando-se entre as principais protagonistas desse arrocho.
Na Assembleia Legislativa e na Câmara de Vereadores, várias iniciativas vêm sendo desenvolvidas no esforço comum de convencer a direção das concessionárias a revisar suas políticas tarifárias e evitar o abuso nas contas, respeitando a capacidade contributiva dos usuários. No entanto, a sociedade e os poderes que a defendem seguem sendo desrespeitados acintosamente.
Duas enormes e implacáveis armadilhas, das quais é impossível escapar, foram montadas contra a população. Uma é a obrigatoriedade da adesão aos benefícios, pois seus serviços são controlados por concessionárias privadas que monopolizam todo o sistema de abastecimento. Quem não adere, fica sem água ou sem luz elétrica. A outra armadilha é o efeito cascata dos débitos, que acontece quando a pessoa sem condições de pagar a conta do mês acaba negociando por valores que a elevam, distribuídos em parcelas acrescentadas na tarifa de cada mês.
Além disso, existem os penduricalhos que ajudam a esfolar o consumidor, como as taxas compulsórias de esgoto e da Cosip (Contribuição de Custeio com Serviços de Iluminação Pública). Ambas as cobranças são criminosamente descabidas, quando aplicadas contra quem não goza diretamente dos benefícios da rede de esgoto e da iluminação pública.
E assim, as empresas deitam e rolam como se inexistisse qualquer dispositivo legal de proteção aos direitos do consumidor e como se a palavra das autoridades que o defendem nada valesse. Não por acaso já se ventila a ideia de uma auditoria nos serviços e nos movimentos financeiros dessas concessionárias.
Há alguns anos, a Assembleia Legislativa instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que obrigou a concessionária de energia a repor os valores cobrados indevidamente e pagos pelos consumidores. Falta igual iniciativa em relação aos abusos cometidos contra quem é servido pela empresa particular que controla os serviços de água e esgoto na capital sul-mato-grossense, a Águas Guariroba, cuja concessão, renovada por mais 30 anos, precisa voltar à mesa dos debates e das acareações.