O vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), Sérgio Longen, tinha contra si um mandado de busca e apreensão na Operação Fantoche. Os agentes federais foram ao gabinete e, equivocadamente, a um apartamento em que Longen já não mora mais.
Um dos dois mandados declinava o endereço da Casa da Indústria – onde se abrigam o Sesi (Serviço Social da Indústria), Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e a Federação das Indústrias, todas do Sistema Fiems, presidido por Longen -, na Avenida Afonso Pena. Lá os federais, que chegaram em três viaturas, ficaram cerca de três horas e saíram carregando malotes e papeladas.
O segundo endereço é o de um apartamento no Edifício Manoel de Barros, na Rua Príncipe Rainier, perto do Shopping Campo Grande, uma das regiões nobres da cidade. Consta que o imóvel deixou de pertencer a Longen em 2015. Ainda assim, alguns documentos teriam sido recolhidos de seu interior.
OUTRO LADO
A Fiems rebateu todas as insinuações e versões que possam erguer algum tipo de suspeita sobre a instituição e seu presidente. A nota oficial distribuída à imprensa afirma: “Em Mato Grosso do Sul, os serviços se deram por meio de processo de licitação, modalidade concorrência, e foram devidamente executados com as respectivas prestações de contas aprovadas pelos órgãos de controle. O Sistema Fiems permanece à disposição das autoridades para qualquer tipo de esclarecimento”.
Ainda assim, a PF mantém ativa a investigação. Entre a documentação que foi apreendida estão registros contábeis e outros dados que, presume-se, estejam entre as informações que os policiais procuram para esclarecer a execução de 11 projetos realizados em Mato Grosso do Sul de 2010 a 2014 com chancela da Fiems. Um dos projetos é o Cine Sesi, com quatro módulos, que atendeu a 60 cidades e beneficiaram 198 mil pessoas.
Há ainda os projetos ‘Na Ponta da Língua’, para 46 cidades, beneficiando 37.400 pessoas na primeira etapa e, na segunda etapa, 37 cidades com 44 mil pessoas atendidas; o Fito (Festival Internacional de Teatro de Objetos), realizado duas vezes em Campo Grande, com público de 19,5 mil e 25 mil pessoas; ‘Fábrica Verde’, em 20 cidades e que distribuiu 89 mil cartilhas sobre a fauna do Pantanal; ‘Em Nome das Cidades’, com 20 cidades atendidas; e ‘Arte do Canteiro’, com 33 canteiros de obras em nove cidades na primeira etapa, atendendo a 3,2 mil trabalhadores e, na segunda etapa, 11 canteiros em quatro cidades, atendendo a 1.280 trabalhadores.
Longen disse que não teve qualquer relação pessoal com as empresas que executaram esses projetos: Instituto Origami, Instituto Mineiro de Desenvolvimento e da Cidadania (IMDC) e do Instituto de Produção da Cultura Brasileira (IPCB). “Os recursos utilizados são 100% advindos do Departamento Nacional, todos foram objetos de auditoria de órgãos de controle, como o CGU e TCU”, sustentou Longen. Ele frisou ainda não conhecer a origem das empresas contratadas, acrescentando que elas foram as vencedoras de concorrência.