Nenhum ser humano consegue viver 2.020 anos. Só mesmo se um benefício divino contemplasse os iluminados com tamanha graça. O máximo que se alcança em permanência na terra quase sempre fica abaixo dos 105, 120 anos. E ao longo desses anos todos, muitos se perguntam qual o tempo seria necessário para alguém adquirir conhecimentos suficientes para desafios ou atribuições específicas.
Campo Grande tem um exemplo a ser considerado, porque é atual e instigante. O advogado, cidadão e líder político de vários mandatos, Marquinhos Trad, passou toda sua campanha para prefeito propalando aos quatro cantos que estava capacitado porque levou 20 anos se preparando. Esse argumento é poderoso e certamente contribuiu para que o candidato saísse vitorioso, numa disputa difícil, com direito a um segundo turno.
Porém, desde a posse, em 1º de janeiro de 2017, até agora, fevereiro de 2019, mais de dois anos se passaram e aquela preparação toda alegada por Marquinhos Trad continua oculta, não se manifestou, está fazendo muita falta diante de tantos desacertos patrocinados pela ausência de sua administração – ou, em alguns casos, em virtude de trapalhadas e barbeiragens praticadas sob seu comando.
Na verdade, o que falta é, também, comando. Não um comandante. Mas, comando, direção, viés, presença política e pessoal de um gestor que tem atitudes e soluções, não um gestor que se acomode na dependência de soluções trazidas por agentes externos. Isso porque em vários segmentos da população alimenta-se uma dura, mas justificada, ironia, a que considera o governador Reinaldo Azambuja como o prefeito de Campo Grande, na prática.
Nesta edição a FOLHA traz uma das situações que deixam explicitada, à luz do dia e diante dos olhos de quem queira, a forma como Campo Grande vem sendo tocada. Uma obra plantada na gestão de Nelsinho Trad – hoje senador, irmão do atual prefeito -, iniciada e interrompida no governo de Alcides Bernal-Gilmar Olarte e que deveria ao menos estar sendo concluída pelo prefeito que passou 20 anos se preparando.
Pode ser, mesmo metaforicamente, que um aprendizado suficiente exigisse 2020 anos de lições e experiências. Mas isso é empírico, fantasioso. Descara-se a ironia. E que se manifeste a realidade crua e objetiva dos fatos: Campo Grande está desgovernada, sem solução de resultados.
Salva-se apenas o que vem sendo feito pelo governador do Estado, que nasceu em Campo Grande, mas foi prefeito de Maracaju e não precisou de duas décadas de aulas básicas de gestão para fazer o simples, fazer o que não vem sendo feito por quem deveria.
É pena!
GERALDO SILVA