Reza a tradição que eleição de Mesa Diretora de Assembleia Legislativa só se define na hora do voto e nenhuma candidatura ao comando da Casa pode cantar vitória antes, ainda que tenha na sua conta a maioria absoluta das promessas de voto. Várias vezes essa matemática exata foi dada como certa e na hora da contagem o seu favorecido da véspera era derrotado no dia. Não parece que esteja seja o caso do processo que se desenrola atualmente no Palácio Guaicurus, tendo no centro das atenções o deputado estadual Paulo Corrêa (PSDB), indicado por maioria pela sua bancada.
Depois de várias e sucessivas semanas de impasses, encontros, desencontros, verdades e versões confundindo as pessoas envolvidas direta e indiretamente no processo, a principal disputa em questão está encaminhada. Na manhã de quinta-feira (13), Corrêa fechou a certeza em 20 votos para se eleger presidente. Dos quatro votos restantes, um é do correligionário Onevan de Matos, que se rebelou contra a decisão da bancada, disse que não votaria no indicado e lançaria sua própria chapa. Tudo indica que vão faltar deputados para Onevan conseguir esse intento. Assim, a lógica indica que Corrêa, com 20 votos e mais o seu, não terá adversários – a menos que a temível figura do imprevisível se manifeste.
Para a maioria dos parlamentares, no final das contas o consenso pode ser coletivamente benéfico. Iniciar sem traumas internos um novo período político-administrativo é um fator inegável de fortalecimento do Legislativo, deixando nivelados os poderes para que a relação entre ambos – sobretudo as que envolvem o Executivo – seja operada em planos de igualdade. E é neste mosaico que Paulo Corrêa pode fazer valer seu perfil de político moderno, empreendedor, dinâmico e com trânsito em todos os segmentos, capacitado para o diálogo.
24 CADEIRAS
Dos 24 deputados estaduais, 13 foram reeleitos em outubro, um (Londres Machado, do PSD) está voltando à Casa e 10 chegam para a sua primeira experiência no cargo. A maioria já exerceu ou está exercendo algum mandato eletivo. Só dois entre os 24 se declaram de esquerda, ambos do PT: Cabo Almi e Pedro Kemp. Os demais 22 são ou de centro, de centro-direita ou de direita. Há os mais agarrados ao conservadorismo, caso do Capitão Renan Contar (PSL).
Ao contrário de Contar, seu colega de bancada, o Coronel David é bastante conhecido. Ele foi comandante-geral da Polícia Militar e exerceu o mandato de deputado estadual por dois anos, no lugar de José Carlos Barbosinha, que se licenciou para chefiar a Secretaria de Justiça e Segurança Pública. David tem prestígio e experiência, conquista espaços e é um dos nomes do PSL para a sucessão municipal em Campo Grande.
Os conservadores predominam também entre os que estreiam no Palácio Guaicurus, como é o caso do pantaneiro Evander Vendramini (PP) – vereador em três mandatos, presidente da Câmara Municipal de Corumbá, ganha espaços na política com ações e pensamentos identificados com a direita e as ideias de Bolsonaro. São estreantes também Jamílson Name (PDT), Neno Razuk (PTB), Gerson Claro (PP), Antonio Vaz (PRB), João Henrique (PR), Lucas de Lima (Solidariedade) e Marçal Filho (PSDB).
Os reeleitos são: Felipe Orro, Paulo Corrêa, Onevan de Matos e Rinaldo Modesto, do PSDB; Márcio Fernandes, Renato Câmara e Eduardo Rocha, do MDB; Cabo Almi e Pedro Kemp, do PT; Zé Teixeira e José Carlos Barbosinha, do DEM; Lídio Lopes, do Patriota; e Herculano Borges Daniel, do Solidariedade. O decano Londres Machado faz sua reestreia. É recordista brasileiro em mandatos eleitorais sucessivos (foram 13, até 2014, quando interrompeu a sequência e cedeu seu espaço à filha, Grazielle).