A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul celebrou os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A sessão solene com o tema “Ninguém solta a mão de ninguém!” foi proposta pelo deputado estadual Pedro Kemp (PT), vice-líder do partido na Casa de Leis. Com a participação de autoridades de vários movimentos que batalham pelos direitos fundamentais das pessoas, o objetivo do evento foi o de lembrar a importância desta luta nunca se acabar para que seja construída uma cultura de paz e igualdade entre os cidadãos.
O deputado Pedro Kemp mencionou o artigo primeiro da Declaração dos Direitos Humanos em seu discurso. “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. Este é início do conceito mais belo que a humanidade pode fazer, trouxe o anseio de uma sociedade onde todos possam viver de forma igualitária e fraternal. O conceito de direitos humanos ainda é confundido com proteção a bandidos, e não é isso, e a violação destes direitos ocorre diariamente. Aqui no Estado há vários exemplos de violação, a situação degradante dos indígenas, o alto índice de violência contra as mulheres, a violência no trânsito, a falta de moradia, a falta de remédios nos postos de saúde. Devemos reacender dentro de nós a chama pelos direitos fundamentais da dignidade das pessoas, portanto ninguém solta a mão de ninguém”.
O índio terena Lindomar Ferreira da Silva, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), falou da situação vivida pelo seu povo. “Vemos com muita tristeza a sociedade falando, dia após dia, de uma ordem de reintegração de posse, sem ordem judicial a ser cumprida. Machuca falar deste tema, mas é preciso que saibam o que passamos em nossas comunidades. Mato Grosso do Sul é o Estado que mais assassina os povos indígenas, mais discrimina, mais desrespeita. Nossas autoridades sequer têm a coragem de apontar um caminho para solucionar a insegurança jurídica que acontece aqui. Embora esse momento seja tão obscuro para os povos indígenas, nós continuaremos a lutar na defesa dos nossos direitos e das futuras gerações”, desabafou.
A assistente social Estela Márcia Rondina, da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos, disse que era preciso ter esperança. “Há um mundo que há quase 24 horas está celebrando os direitos humanos no mundo inteiro. A luta pelos direitos humanos não tem retorno, podem querer nos matar e até conseguir, mas não darão conta de desfazer todas as estradas que construímos, nem todos os sonhos que nós plantamos. Temos grandes desafios, resolvemos nos juntar por um tempo numa segunda-feira a noite. Esta pequena democracia que construímos ninguém vai esquecer, afinal de contas, há dez anos não teríamos essa representatividade de tantos movimentos diferentes. Temos que aprender a conviver com a diversidade. Precisamos construir amorosidade, acreditando firmemente na capacidade do ser humano de mudar as coisas, e construindo as pontes necessárias para a interação dos movimentos”, enfatizou.