As eleições para a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa estão marcadas para 1º de fevereiro próximo. Se não acontecer nenhum imprevisto, o panorama já está delineado: com maioria absoluta, o tucano Paulo Corrêa tem tudo para ser o substituto do emedebista Júnior Mochi, que concorreu ao Governo em outubro e é um dos parlamentares que não disputaram a reeleição.
Com o seu, Paulo Corrêa já conta com 20 votos, maioria absoluta e mais que suficiente para sacramentar a escolha num colégio de 24 eleitores. Para chegar a esse patamar, ele precisou vencer o primeiro desafio, que era conquistar a indicação de uma bancada com cinco integrantes e quatro deles dispostos a brigar pela presidência. Foi um confronto relativamente difícil, que começou a ser definido quando Felipe Orro e Rinaldo Modesto abriram mão da disputa.
A DECISÃO
Ficaram no páreo apenas Corrêa, com apoio de Rinaldo, e Onevan de Matos, com o voto de Orro. Marçal Filho, estreante no Parlamento estadual, viu-se alçado à condição de “voto minerva”. Transitou entre os dois contendores, mas no “Dia D”, quando a direção regional do PSDB chamou a bancada para deliberar no voto, a opção de Marçal contemplou Corrêa e inviabilizou no grupo a indicação de Onevan.
O presidente do Diretório Regional, o deputado federal eleito Beto Pereira, e o ex-chefe da Casa Civil e assessor político Sérgio de Paula, carimbaram a decisão, sob a expectativa de que o partido, o de maior bancada na AL, deu um passo decisivo para sacramentar a estabilidade política e a governabilidade. A coligação do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) elegeu 14 deputados estaduais e outros três ensaiam fazer parte deste cordão.
Onevan de Matos rebelou-se contra a indicação, argumentando que Corrêa teria sido beneficiado pela interferência do governador, enviando para a reunião da bancada seu assessor político Sérgio de Paula e tendo o reforço do dirigente máximo da legenda, Beto Pereira. Entretanto, o respaldo político da Governadoria pode ter sido também mais um componente favorável à candidatura de Paulo Corrêa.
Mesmo garantindo que continua candidato e vai desafiar o indicado, Onevan sabe que perdeu a chance de concorrer. Talvez sequer consiga formar uma chapa, tendo em vista o crescente apoio que Corrêa conquista a cada dia. Já conseguiu até agora o compromisso de voto com 19 dos 23 colegas. Esta semana os “bombeiros” de plantão no Palácio Guaicurus tentarão convencer Onevan a aceitar o resultado e recompor-se com a bancada, para garantir assim a formação de um chapa única e de consenso. Até Felipe Orro, que era eleitor de Onevan na bancada, já disse que diante do desfecho vai seguir a decisão da maioria.
Os votos de Paulo Corrêa: Rinaldo Moesto, Felipe Orro e Marçal Filho, do PSDB; Cabo Almi e Pedro Kemp, do PT; Márcio Fernandes, Renato Câmara e Eduardo Rocha, do MDB; Zé Teixeira e José Carlos Barbosinha, do DEM; Londres Machado, do PSD; Jamílson Name, do PDT; Herculano Borges e Lucas de Lima, do Solidariedade; Lídio Lopes, do Patriota; Coronel David, do PSL; e Evander Vendramini, do PP.
PRESENÇA
Paulo Corrêa alcançou nas eleições deste ano o sétimo mandato consecutivo. É uma das figuras mais experientes e presentes no território político de Mato Grosso do Sul desde meados dos anos 1990, quando foi secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano do governo de Pedro Pedrossian (1991-94). À frente de projetos de moradia popular, como o Programa Desfavelamento – que beneficiou 13 mil famílias – ganhou projeção e candidatou-se a deputado estadual.
Na primeira eleição, em 1994, com 11.066 votos ficou na primeira suplência. Dois anos depois o deputado Eder Brambilla se elegeu prefeito de Corumbá. No ano seguinte renunciou ao mandato parlamentar para assumir a Prefeitura e sua vaga foi ocupada por Corrêa, que desde então foi vitorioso em todas as campanhas à reeleição. Suas atuações destacadas nos partidos (PFL, PTB, PL e PR) o credenciaram a ocupar o primeiro plano da política, o que o levou a ser convidado por Reinaldo Azambuja para ingressar no PSDB.
Líder da Frente Parlamentar de Apoio à Indústria, terá na presidência da AL um de seus desafios estratégicos: recompor e fortalecer ainda mais o contexto de relações políticas e parcerias entre a Governadoria e o setor empresarial acoplado na federação das Indústrias (Fiems), presidida por Sérgio Longen. É autor, entre outros, de projeto de lei proibindo a degradação das nascentes dos rios de águas cristalinas. É Conselheiro do Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado (CERH/MS). Tem um projeto com um ônibus que serve de gabinete médico para fazer prevenção e exames de câncer de mama nos municípios.