O currículo do médico André Puccinelli (MDB) na vida pública é dos mais recheados com cargos de projeção: foi secretário estadual de Saúde, deputado estadual, deputado federal, prefeito de Campo Grande e governador. Ao longo de três décadas acumulou mandatos, notoriedade e poder. E tudo isso jogou fora ao envolver-se com o pedaço mais sujo da política, o da corrupção. Hoje, é um preso comum e da cadeia assiste a desfechos semelhantes com vários amigos e colegas que na política ou nos negócios desandaram e acabaram alcançados pelas mãos saneadoras da Justiça ou dos eleitores.
Denunciado por vários crimes como desvio de recursos, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, André Puccinelli está entre os principais alvos políticos da ‘Operação Lama Asfáltica’, desencadeada por força-tarefa especializada no combate à corrupção. Acusado de liderar um esquema de fraudes para desviar recursos públicos quando governou o Estado (de 2007 a 2014), chegou a usar tornozeleiras e desde julho está preso em Campo Grande enquanto aguarda julgamento.
Além de Puccinelli, igual sorte – a prisão ou as investigações – teve boa parte de seus amigos e colegas. Seu ex-secretário de Infraestrutura e ex-deputado federal Edson Giroto (PR) também aguarda julgamento numa cela da capital. O ex-prefeito de Paranaíba e ex-diretor da Agência Estadual de Empreendimentos (Agesul), Beto Mariano (MDB), chegou a ser preso e foi solto com um habeas corpus, mas continua sendo investigado.
O ex-senador Delcídio Amaral era do PT e foi acusado por um dos delatores da Operação Lava Jato de tentativa de obstruir a Justiça. Perdeu o mandato, foi preso e ficou sob liberdade condicional, até ser absolvido da acusação. Ingressou no PTC e candidatou-se a senador. Fracassou. O ex-governador Zeca do PT e o deputado federal Vander Loubet, do mesmo partido, ainda respondem a denúncias de corrupção, mas não perderam os direitos políticos. Ambos são deputados federais e também se candidataram este ano. Zeca não conseguiu se eleger senador, porém Loubet ganhou das urnas mais quatro anos de mandato.