Araras, tucanos, papagaios, jacutingas e outras aves, algumas muito raras e sob ameaça de extinção em outras regiões fazem parte das cenas cotidianas de Campo Grande, onde já foram catalogadas mais de 350 espécies diferentes. Por isso, a cidade ficou reconhecida como capital do Turismo de Observação de Aves. E a referência se fortalece desde quarta-feira passada, quando o prefeito Marquinhos Trad (PSD) lançou o ‘Avistar Campo Grande’ 2018.
A iniciativa é fruto de uma articulação da Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo (Sectur), com o Instituto Mamede, Instituto Arara Azul e o Clube de Observadores de Aves de Campo Grande (COACGR). “Cada passo de nossa gestão tem o foco na sustentabilidade, na qualidade de vida das pessoas, nas suas expectativas de bem-estar e de relação harmoniosa com a natureza”, assinalou o prefeito.
“O programa vai movimentar a cidade em diversos aspectos, uma vez que trará para a Capital observadores de aves, profissionais do trade, ambientalistas, estudantes e pesquisadores”, destacou a titular da Sectur, Nilde Brum. Para ela, a consciência do conservacionismo dinâmico e progressista avança. “O prefeito fortalece o pensamento e as ações que propõem o desenvolvimento com sustentabilidade”, pontuou.
NA BANDEIRA
Ao dirigir-se ao público, que reuniu populares, dirigentes das ONGs, técnicos da Sectur, estudantes, professores, lideranças políticas, classistas e sociais, o prefeito foi incisivo: “O que vocês estão fazendo para nossa cidade é o que vai garantir que nossos netos e bisnetos possam ver uma arara como a gente vê. Se vocês buscarem as 27 bandeiras das capitais do país somente duas têm aves, e a nossa está no centro. Voando para o alto, uma águia. Para a gente cuidar da nossa cidade”, enfatizou.
A 13ª edição da maior feira de observação de aves da América Latina (Avistar) acontecerá nos dias 23, 24 e 25 de novembro, no Museu das Culturas Dom Bosco, no Parque das Nações Indígenas, uma das maiores áreas verdes do mundo situadas dentro de um centro urbano. Nilde Brun ressaltou a importância do evento para fomentar o turismo. “Temos trabalhado de forma bastante incisiva o Plano Municipal de Turismo. É nossa cartilha”.
“Estamos mostrando o quanto estamos nos destacando no cenário nacional. No plano, detectamos que o turismo de evento e negócios é o grande catalisador do fluxo de pessoas para nossa cidade”, continuou Brum. Somente neste ano mais de 20 mil visitantes passaram por Campo Grande. A Sectur trabalha para que em 2019 esse número seja, no mínimo, duas vezes maior. Isso se reflete no empenho das políticas publicas municipais para fortalecer as várias modalidades do segmento, entre as quais o turismo gastronômico, o rural, o cultural e o ecológico.
A sócia-diretora do Instituto Mamede, Simone Mamede, considerou que o Avistar também é “um momento de contemplação, de celebração das aves, da vida”. E reforçou, dizendo: “As pessoas que vão para Bonito, Pantanal e outros destinos hoje permanecem em Campo Grande para observar aves. Isso é uma conquista de muitos que lutam por esse ideal. É uma forma de gerar renda conservando”.
AMPLIAÇÃO
Campo Grande começou com nove pontos de observação e depois aumentou para 12. Depois de estudos com georreferenciamento e o apoio da Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb), foram catalogados 30 pontos de observação, a Rota Birdwatch usada pelos turistas.
Outro ponto importante são os parques onde estão os pontos de observação. Katiuscia Balbuena Coene, guarda do Parque Estadual do Prosa, comentou que a responsabilidade é muito grande em manter tudo adequado para fomentar o turismo. “A gente precisa ter as unidades de conservação acessíveis para estar recebendo as pessoas que fazem a observação de aves. As unidades de conservação estaduais são os parques estaduais do Prosa e o Mata do Segredo”, explicou.
Somente no Brasil há 100 mil observadores de pássaros. Nos Estados Unidos, esse contingente chega a 40 milhões. Destes, 12 milhões viajam pelo mundo para observar as aves, informou Geancarlo Merighi, diretor de Desenvolvimento do Turismo e Mercado da Fundtur-MS. Elisa Mense, diretora-executiva do Instituto Arara Azul, lembrou que a instituição de pesquisa vem aliando o turismo de observação à educação, ferramenta para utilizar os dados científicos e fazê-los chegar ao conhecimento de todas as pessoas.