Durante boa parte de sua vida, a cantora Maria Alice transitou por cidades de Mato Grosso (quando o Estado ainda era unificado) e pelo Ceará, o que culminou em seu álbum lançado ano passado, intitulado ‘Sertões’. No sábado (20) a cantora fará o show que leva o mesmo nome do seu disco no Teatro Prosa, no Sesc, a partir das 20h. A entrada é gratuita.
As músicas que compõem o disco fazem parte das memórias de Maria Alice. Ela, que nasceu no Rio de Janeiro, viveu no Ceará durante a infância, depois veio para Mato Grosso do Sul e juntou influências musicais destes lugares.
“Conheci muito bem as particularidades do interior do Mato Grosso do Sul e do Ceará. Tomei banho de cuia, nadei em lagoa, escorreguei em barro. A luz da fazenda se apagava às 21h, no máximo, porque era um motor que a produzia, o que também acontecia na praia do Pecém, onde passávamos os fins de semana na minha infância e a cidade toda se apagava. São experiências que vinham acompanhadas de trilhas musicadas desses locais. Como sempre tive uma forte relação com a música, essas memórias vêm sempre associadas”, relata.
Quando andava de carro, na cidade em que morava no Ceará, cantava muito porque não havia rádio no veículo. “Era um trajeto musicado pelo meu atrevimento de ficar cantando sem parar. Dorival Caymmi, Maysa, Chico Buarque, carimbós, algumas músicas bregas, Amado Batista, Bartô Galeno, Odair José. Sempre música brasileira, que era o que se ouvia em casa, do gosto dos meus pais que tinham LPs e das funcionárias da casa no rádio”, conta a cantora.
A música paraguaia também era e ainda é uma constante em sua vida. Naquela época ouvia muita polca na casa de seus avós aqui no Estado, na fazenda, nos bailes e festas. “Dancei muita polca nessa vida”, lembra.
A casa em que cresceu sempre teve muita música. Seus pais, grandes admiradores da música brasileira, proporcionaram à cantora conhecer os grandes compositores e intérpretes desde muito cedo. “Lembro que minha mãe tinha uma coleção de discos que contava a história da MPB. Tinha Cartola, Maysa, Elis, Luiz Gonzaga, entre outros. Ouvia de tudo na minha casa”, declara.
DISCO
Em ‘Sertões’, a cantora reúne 16 músicas que são pérolas do cancioneiro popular, com matizes sonoras bem definidas e que normalmente não se misturam. Unindo os sertões sonoros do Brasil, o disco traz um repertório de sucessos do Nordeste, do interior paulista-mineiro-goiano e da fronteira sul-mato-grossense. O resultado é um álbum recheado de clássicos que já estão no inconsciente coletivo brasileiro, como ‘Assum Preto’, ‘Tristeza do Jeca’ e ‘Merceditas’.
Os arranjos e a direção musical são do violonista Pedro Ortale. Maria Alice e Pedro já haviam feito juntos o primeiro trabalho da cantora, ‘No Mundo a Passeio’, em 1997. Desta vez, os instrumentos acústicos dominam os arranjos, com destaque para o violão de 7 cordas e a sanfona de Renan Nonato, que se tornam o elo de ligação de músicas tão aparentemente distantes como ‘Kalu’ e ‘Amargurado’.
A liberdade para a parte instrumental dos arranjos é mais um dos atrativos do disco. Além de Pedro Ortale e Renan Nonato, ‘Sertões’ conta ainda com a participação de excelentes músicos, como Ivan Cruz (violão), Edclei Calado (baixo), Chico Simão (percussão) e o estreante João Pedro Ortale (percussão), filho de Maria Alice e Pedro Ortale. O design gráfico do disco é assinado pelo artista visual Lula Ricardi. No show a vídeo cenografia é de Rafael Mareco, técnico de som Alex Cavalieri, técnico de projeção Vinícius Gonçalves e técnico de luz Elton da Silva. A produção do CD e do show é da Marruá Arte e Cultura e a realização é do SESC CULTURA.
No próximo mês a cantora leva o show para Maracaju.
O show será no Teatro Prosa, dia 20 de outubro, às 20h. Para garantir o ingresso é necessário chegar com uma hora de antecedência. O Teatro Prosa fica na Rua Anhanduí, 200, Centro. Informações pelo telefone 98136-4680 (Whatsapp).