Parcerias firmadas entre o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) e o setor produtivo têm permitido o desenvolvimento de projetos para a solução de problemas reais de empresas e da sociedade. São pesquisas que têm como foco a criação de produtos, processos e serviços tecnológicos, a proteção da propriedade intelectual da tecnologia e a transferência às instituições demandantes.
Por meio do edital nº 035/2018, de Pesquisa Aplicada e Extensão Tecnológica (Paet), foram selecionados recentemente sete projetos dos campi Aquidauana, Campo Grande, Coxim, Naviraí e Nova Andradina que buscam contribuir para o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação.
Os projetos são desenvolvidos por professores e estudantes do IFMS, que além de arcar com parte do custeio da pesquisa ainda concede bolsas aos alunos e coordenadores envolvidos. As instituições demandantes também contribuem financeiramente para a execução do projeto.
O recurso destinado pelo IFMS é para a aquisição de itens como material de consumo, componentes, peças de reposição de equipamentos, software e instalação para o desenvolvimento dos projetos.
O diretor de Empreendedorismo e Inovação do IFMS, Matheus Neivock, explica que por meio desses projetos a instituição contribui para o desenvolvimento do Estado e faz com que a pesquisa chegue ao cidadão.
“A proposta é dar propósito e aplicabilidade ao conhecimento produzido no IFMS, fazendo com que ele chegue à sociedade na forma de produto, processo ou serviço. Por meio desses projetos, é produzido algo que possa ser utilizado na prática e que melhore nossas vidas”, pontuou.
Neivock destaca ainda os benefícios da pesquisa aplicada e extensão tecnológica tanto para o IFMS quanto para as instituições demandantes.
“O IFMS demonstra sua importância como agente de transformação de realidade. Além disso, acumula indicadores positivos que são necessários para captação de recursos externos. Já a instituição demandante pode desenvolver ou aperfeiçoar seu produto, processo ou serviço com a ajuda de um parceiro qualificado e a partir de um baixo investimento”, destacou.
PROJETOS
Uma das propostas selecionadas trata da ‘Aplicação de dispositivos microcontrolados no monitoramento do armazenamento de soja em silo bag – parte 2’. A pesquisa é desenvolvida no Campus Nova Andradina desde o ano passado.
Coordenado pelo professor de Física, Fernando Rodrigues da Conceição, o projeto atende a uma demanda da cooperativa Coopergrãos, sediada no município.
O projeto consiste no desenvolvimento de um sistema que permite avaliar a qualidade do grão armazenado em silo bag, utilizado como medida emergencial para suprir a alta demanda e que abriga grandes quantidades de soja.
A instituição demandante precisava avaliar o que acontece com o grão armazenado nesse tipo de silo, pois uma vez que a soja é armazenada a informação sobre a umidade só é possível por meio da classificação do grão. Nesse caso, amostras são coletadas de forma invasiva, podendo provocar desequilíbrio e comprometer a qualidade do produto.
A ideia é auxiliar a empresa parceira nas tomadas de decisões. “Com a construção desse sistema, que permite avaliar as condições do equilíbrio do grão, torna-se possível acompanhar periodicamente e de forma não invasiva qual é a tendência deles durante o armazenamento”, explicou Conceição.
Atualmente, os participantes do projeto trabalham na melhoria do sistema de coleta e tratamento dos dados, e também na análise de outros parâmetros que permitirão avaliar a qualidade dos grãos armazenados.
ALIMENTOS
Outro projeto selecionado é o que trata da ‘Estabilização e determinação da vida de prateleira de um creme de café saborizado com morango’, proposto pelo professor da área de Produção Alimentícia, Maiquel Santos, do Campus Coxim, e desenvolvido junto à empresa Arte Real Caffe Cremoso, do Espírito Santo.
O projeto surgiu por conta da importância da estabilização no processamento de alimentos, devido à deterioração que pode ocorrer em virtude de reações físico-químicas e bioquímicas. O grau de deterioração determina a validade dos produtos alimentícios. A pesquisa busca determinar a vida útil do produto nas prateleiras, de modo a aumentar sua durabilidade sem a necessidade do uso de refrigeração.
Levando-se em consideração que a produção nacional de café corresponde a um terço da mundial, segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), o projeto busca permitir que o consumidor tenha acesso à bebida ou a preparações culinárias à base de café de alta qualidade.
“O mercado necessita de produtos que tenham maior validade possível. No caso do café, isso depende de características sensoriais como textura, sabor, cor e aroma, sendo que cada vez mais buscam-se novas opções de preparo do produto, praticidade e, principalmente, a não conservação do café na geladeira”, destacou o professor Maiquel.
Inicialmente, será avaliada a formulação do produto para identificar oportunidades de melhoria. Depois, será feito o estudo de vida de prateleira, acompanhado de análises físico-químicas, microbiológicas e sensoriais. Os resultados poderão indicar a validade do café, o que garante segurança dos consumidores e atende à demanda da instituição parceira.
O coordenador do projeto destaca quais os benefícios para os estudantes participarem da pesquisa aplicada e extensão tecnológica. “O estudante passa a entender como funciona uma demanda do mercado e como a empresa atua, e ainda adquire conhecimento técnico e estabelece contato com profissionais da área, tendo uma ideia real de como atuar”.