* Por Geraldo Silva
O acúmulo de experiências desafiadoras desde a juventude levou Gerson Claro -segundo suas palavras – a prestar atenção ao clamor de diversos segmentos da sociedade que buscam lideranças e atitudes inovadoras para construir alternativas diferenciadas na representação política. Homem do interior, de família humilde e calejada pelo trabalho em um assentamento de Itaporã, aprendeu muito cedo a enfrentar e superar as dificuldades, tendo como indutor os ensinamentos de berço que, entre outras coisas, lhe recomendavam nunca abrir mão do conhecimento, da dignidade, do respeito ao próximo e da dedicação ao trabalho produtivo.
“Foi assim que construí os meus caminhos”, afirma Gerson Claro. Sua família se mudou para Sidrolândia, onde continuou trabalhando para ajudar o sustento da casa e aproveitava o máximo de tempo para estudar em busca de seus sonhos. O primeiro, aberto pelo ensino, foi formar-se em História, habilitação que o levou a lecionar para crianças em escolas públicas sidrolandenses. Depois, outra realização em sua sede de conhecimento: a formação e a graduação em Direito Administrativo e Gestão Pública.
Com isso, Gerson Claro ingressou de vez no circuito das forças vocacionadas para servir à sociedade. Logo recebeu o chamado para encargos de destaque na vida pública. Por oito anos assessorou a diretoria da Associação dos Municípios (Assomasul), quando percorreu todo o Estado e aprofundou-se nos desafios das prefeituras. Também dirigiu o Departamento Estadual de Trânsito (Detran/MS), quando não hesitou em bater de frente com esquemas que encareciam e emperravam os serviços prestados ao consumidor. E a visibilidade de seu trabalho o conduziu a posições de destaque como dirigente partidário e protagonista de uma nova geração política que consolida seu espaço no Estado.
Candidato a deputado estadual pelo PP, Gerson Claro deu esta entrevista exclusiva à FOLHA DE CAMPO GRANDE.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – Qual foi o estímulo ou o cenário que o levou a entrar na política?
GERSON CLARO – Vim do interior, morei num assentamento em Itaporã. Minha família desde cedo me ensinou os valores do trabalho e da fraternidade como condições de convivência humana e também da importância de amar o próximo e lutar contra as injustiças. Cresci com essas lições. Trabalhava com meu pai numa olaria para ajudar nas despesas de casa. Depois, já em Sidrolândia, continuei trabalhando e estudava muito para ir em busca dos meus sonhos, que eram lecionar e me formar em Direito. Consegui torná-los realidade e nesse processo eu senti que, assim como eu, as dificuldades sociais e econômicas impedem a maioria das pessoas de realizar seus sonhos. Isso me motivou ainda mais a lutar pelos direitos e oportunidades para as pessoas. Eu não vejo outro rumo melhor para o País e o Estado que não seja o da utilização da força que o povo tem para fazer as transformações necessárias.
FCG – Numa conjuntura de descrédito na política, o senhor acredita que o voto ainda pode ser uma arma eficiente para garantir os interesses da sociedade? Por quê?
GC – O voto não é apenas um ato que começa e termina no dia da eleição. O voto é uma tomada de consciência, uma atitude que vai refletir muitas vezes no restante das vidas de cada um. Não adianta apenas se indignar contra a corrupção, a intolerância, as injustiças, as desigualdades. Se as coisas não melhoram com a política, sem ela só tendem a piorar. O voto é que fortalece a democracia, e não existe sistema melhor que este para o conjunto da sociedade. Com o voto é possível construir o sistema, a cidade, o Estado e o País que se deseja. Sim, há maus políticos, reconheço. Mas há políticos que merecem confiança e oportunidade. E se existem coisas boas no país, se existem medidas positivas e benefícios coletivos, é graças à boa política e aos bons políticos, que são frutos do voto popular.
FCG – O que é que um deputado estadual pode fazer para melhorar a vida do povo? Faltam novas leis ou as que existem são suficientes, mas não são
GC – Deputado estadual tem três competências fundamentais: elaborar as leis, fiscalizar as ações do governo do Estado e fortalecer a democracia representativa. Deputado não é o responsável por fazer obras, mas pode direcioná-las, torná-las viáveis, fiscalizar sua execução e seu funcionamento. Na verdade, muitas leis existentes não são cumpridas e boa parte delas precisa ser atualizada, ajustada aos novos tempos. É o que eu quero fazer: garantir a aplicação efetiva das leis em benefício do interesse das pessoas, sobretudo as que são injustiçadas por não dispor de leis que as amparem n prática.
FCG – O mandato de deputado não faz obras, não tem poder para legislar sobre matéria financeira e ainda sofre pressão no seu dever de fiscalizar os atos do Executivo. Como é que o senhor pretende encarar esses desafios?
GC – Proponho um mandato que tenha como principal identidade a presença real e participativa da sociedade. É a partir desta condição que eu e as comunidades, juntos, implementaremos práticas políticas renovadoras, ajustadas às verdadeiras prioridades das pessoas e do Estado. O papel de fiscal do Executivo será cumprido com absoluta e total responsabilidade, independentemente dos partidos dos nossos governantes.
FCG – O senhor tem experiência de luta no municipalismo. Então como poderá contribuir para resolver problemas cruciais das prefeituras, como, por exemplo, as questões do acúmulo de encargos e a política tributária que deixa a desejar?
GC – O municipalismo é prioridade determinante na minha trajetória pessoal, profissional e política. Quando fazia faculdade e me diplomei em História, formando-me depois com pós-graduação em Gestão Pública e Direito Administrativo, eu já tinha olhar diferenciado para as dificuldades do município. Essa visão se alargou quando passei a ocupar funções públicas e prestar assessoria à Associação dos Municípios [Assomasul]. Percorri todos os 79 municípios e aprofundei os conhecimentos sobre problemas e soluções para demandas básicas, em especial na saúde, educação, infraestrutura, impostos e encargos. Equívocos no sistema federativo e nas políticas públicas federais e estaduais deixaram excessivos encargos para os municípios, como a municipalização da saúde e do ensino. Mas existe saída, sim, e meu mandato vai atacar fortemente esta busca para acabar com a penúria que castiga nossas prefeituras, principalmente as de pequenas e médias cidades.
GC – Há ceticismo e decepção dos eleitores diante de tantas coisas que vêm ocorrendo nos últimos anos. Na verdade, a política sempre foi um ambiente de erros e acertos, de vitorias e revezes. O voto é assim, quem acerta na escolha um dia erra e vice-versa. O que não pode é colocar em risco a saúde da democracia. Uma abstenção em massa pode criar um cenário imprevisível. Mas eu creio que os eleitores estão conscientes de seu papel e de sua responsabilidade, não permitirão que isso aconteça. O voto, eu creio, vai trazer soluções até para problemas que o próprio voto pode ter criado.
FCG – Quais suas avaliações sobre as gestões de Reinaldo Azambuja e Marquinhos Trad? Em quê eles erraram e em quê acertaram?
GC – O governo de Reinaldo Azambuja é um dos melhores avaliados do País. Não é só a minha palavra. É a avaliação dos mais respeitados indicadores de desempenho de gestão no Brasil. Mato Grosso do Sul está entre os estados que lideram na geração de novos postos de trabalho, que melhor pagam os professores, que possuem as condições mais favoráveis para investimentos, que mais tiveram crescimento no Produto Interno Bruto e ainda entre os que conseguiram baixar os índices de criminalidade. Sobre a gestão de Campo Grande, ainda é cedo para uma avaliação definitiva. Porém, sou testemunha do esforço e do comprometimento do prefeito Marquinhos Trad para cumprir seu programa de trabalho.
FCG – Quais as bandeiras que o senhor pretende consolidar como deputado estadual?
GC – A mais significativa delas é a presença popular no mandato. Prestar atenção ao que o povo fala e quer, dar atenção e ouvidos à sociedade, dividir com ela as responsabilidades de decidir o que é melhor para as cidades, para o Estado. Não faltam ideias, tanto as que eu estou propondo como as que me chegam de diversos setores da sociedade. Mas é com a presença popular que o mandato vai atingir seus grandes objetivos, que são criar novas oportunidades para quem não as têm e garantir intervenções concretas nas áreas sociais de maior impacto na comunidade, como a saúde, a educação e a geração de empregos.
FCG – O que falta, por exemplo, na educação, na saúde e na geração de empregos?
GC – É preciso intensificar, atrair, ampliar e estimular a presença de nossas inteligências no processo de desenvolvimento. As universidades já participam, reconheço, mas há como essa participação ser ainda maior e mais ampla, mobilizando outros setores da educação, da cultura, dos conhecimentos. É necessário criar um banco de inteligências e um serviço de descoberta e estímulo de vocações para os jovens, com participação do Sistema S (Sesi, Senai, Senac, Senar) para acesso ao mercado de trabalho. Na saúde, é importante construir hospitais e postos, adquirir equipamentos. Porém, tudo isso não resolverá se não houver a devida valorização dos profissionais da área em termos salariais e condições de trabalho, por exemplo. Os sistemas de regulação podem ser mais bem ajustados para melhorar o atendimento e reduzir ao máximo as filas de espera, sobretudo por consultas e cirurgias.