Se são poucos os políticos que passam com sobras pela aprovação dos diversos segmentos da sociedade, Antonio Ferreira da Cruz Filho é um deles. Especializado em Cirurgia-Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Antonio Cruz fez da Medicina um sacerdócio e firmou-se no conceito popular como “médico da família”, o que o levou a aceitar o desafio de ingressar na vida pública e protagonizar uma das trajetórias mais brilhantes na política de Mato Grosso do Sul.
É um colecionador de mandatos. Hoje, é vereador do PSDB, cargo que foi o primeiro a disputar e conquistar em 1988, reelegendo-se em 1992 e 1996. Em 1998 saiu das urnas como suplente de deputado federal, com quase 35 mil votos, voltou à vereança no ano 2000 e no ano seguinte, com a morte de Flávio Derzi, assumiu a vaga de deputado federal, reelegendo-se em 2002 e 2006.
Em toda essa caminhada, suas intervenções na Medicina e na política renderam às comunidades sul-mato-grossenses bons e duradouros frutos. Uma de suas iniciativas é o Hospital Evangélico, de Campo Grande, que há 24 anos presta assistência médico-hospitalar gratuita às camadas mais carentes. Com demandas de municípios deste e outros estados e até de países vizinhos, como Paraguai e Bolívia, o hospital atende em média oito mil pessoas/mês em 18 especialidades. Seus filhos, os médicos Antonio e Augusto, o auxiliam nesta obra que considera uma missão.
Mato-grossense de Cuiabá, Antonio Cruz formou-se em 1973 pela Universidade Estadual de Mato Grosso (Uemt, hoje UFMS). Casado, três filhos, 69 anos, em seu quinto mandato de vereador conserva a mesma dinâmica de trabalho e o foco nas causas da saúde pública, segurança, educação e bem-estar da população. E está a postos para mais uma jornada eleitoral, na defesa dos interesses do PSDB e de seus candidatos, especialmente o filho, Antonio, que disputará uma vaga de deputado estadual, e o governador e amigo Reinaldo Azambuja, que postula a reeleição.
Nesta entrevista exclusiva à FOLHA DE CAMPO GRANDE, o vereador e médico Antonio Cruz fala sobre sua trajetória de vida, destaca o compromisso com a causa da saúde, conta a empreitada desafiadora do Hospital Evangélico e aborda a importância do processo eleitoral deste ano.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – O senhor se formou médico quando e aonde?
ANTONIO CRUZ – Eu me formei no ano de 1973, na antiga Universidade Estadual de Mato Grosso. Aqui em Campo Grande tinha uma extensão do curso de Medicina. Eu me formei aos 23 anos de idade.
FCG – Como começou sua atividade profissional?
AC – Comecei a atender como médico, mas sempre tendo em vista a assistência social, pela minha formação evangélica sempre achei que devia atender aos mais necessitados, a questão social sempre esteve em primeiro plano e até hoje é assim. Jesus disse que não se deve ter nem ambição, nem ganância, e esse foi sempre meu norte.
FCG – Quantos médicos havia em Campo Grande nessa época?
AC – Em torno de 35 médicos. Trabalhava muito mais de 18 horas por dia. Quem podia pagava, quem não podia eu atendia de graça. Dos 23 aos 27 anos meu trabalho foi muito árduo.
FCG – O senhor era casado na época?
AC – Não, acho que não tive tempo (risada). Eu me casei com 30 anos e tenho 3 filhos maravilhosos.
FCG – Em que época teve a ideia de construir um hospital?
AC – Aos 38 anos de idade comecei a sonhar com um hospital que atendesse aos mais necessitados e que seria a grande obra de minha vida na área assistencial.
FCG – Mas o senhor entrou na política…
AC – Sim, me elegi vereador em 1989 e me reelegi em 1992, 1996 e 2000. O então prefeito Ludio Coelho me disse que, se eu tinha esse sonho, deveria tentar receber verbas públicas para ajudar na construção de meu tão sonhado hospital.
FCG – E recebeu verbas públicas?
AC- Sim, mas recebi apoio de muitas empresas e também de pessoas físicas como Antônio Ermínio de Morais, o Comandante Rolim e a Concremix, para citar alguns exemplos. Fizemos mutirões, os vizinhos ajudavam, meus filhos começaram o trabalho como serventes de pedreiro.
FCG – Inaugurou quando?
AC – Em 1994 conseguimos inaugurar o que hoje todo mundo chama de Hospital Evangélico, principalmente devido à minha profissão de fé. Atendíamos pacientes de Campo Grande e de todo o Estado, fizemos convênios com entidades e assim, com muito esforço e trabalho, conseguimos erguer esta obra magnífica.
FCG – O senhor ocupou outros cargos políticos…
AC – Sim, assumi a suplência de deputado federal em 2001, me reelegi em 2002 e 2006.
FCG – E agora voltou a ser vereador da Capital…
AC- A convite de meu partido, o PSDB, candidatei-me a vereador e me elegi, na realidade pela quinta vez vereador.
FCG – Depois de terminar o último mandato como deputado federal o senhor chegou a ficar afastado da politica…
AC – Sim, mas claro que sempre estive atento ao que acontecia no nosso Estado e no Brasil.
FCG – O senhor apoia as políticas do governador Reinaldo Azambuja e também o está apoiando no projeto de reeleição?
AC – Certamente, ele é meu candidato a governador do Estado, não só por obrigação partidária, como pelo excelente governo que está fazendo.
FCG – Um dos seus filhos [Augusto], o que optou pela política, além do trabalho diário no Hospital Evangélico é candidato a deputado estadual…
AC – Sim, ele sempre teve um viés pela política e decidiu candidatar-se a deputado estadual. Ele é um de meus braços direitos. Eu tenho dois braços direitos (risada), ele e meu outro filho também médico, o Antonio. Eles me ajudam diuturnamente na condução do hospital e atendem como médicos também.
FCG – Seu filho é candidato por qual partido?
AC- O Augusto escolheu livremente o partido pelo qual se candilará no próximo pleito eleitoral. E o fez pelo PDT, devido às relações pessoais e afinidades políticas.
FCG – O senhor dividirá seus apoios?
AC – Óbvio. Para governador meu candidato é o Reinaldo, como já tinha antecipado; para senador será o candidato da chapa do PSDB; e para deputado ou deputada federal será também um candidato do PSDB.
FCG – E para estadual (risos)?
AC – Claro que meu filho. E não só porque é meu filho, que já seria uma razão válida, mas porque é médico há 12 anos e me ajuda diariamente, não só atendendo pacientes como também junto com o irmão na gestão do Hospital.
FCG – Não haverá conflito de interesses?
AC – Não, seria incoerente eu não apoiar meu próprio filho. E não haverá conflito de interesses porque, como falei anteriormente, apoiarei o restante da chapa de meu partido, o PSDB.
FCG – Seu filho terá liberdade para escolher as suas “dobradinhas”?
AC – Certamente, ele é livre para seguir seu caminho nas próximas eleições e eu o apoiarei em tudo o que for possível.
FCG – O senhor chega cedo ao Hospital?
AC – Às cinco da manhã. E nós começamos o dia com uma pregação, um culto e a propagação da Palavra que eu conduzo, já que sou pastor da Assembleia de Deus, e com ajuda de meus filhos.
FCG – O senhor tem muitos anos na profissão. Ser médico não cansa?
AC – Nunca. Ajudar aos necessitados, aqueles que chegam fragilizados pela dor, é minha tarefa diária e eu a faço com amor ao próximo.