Eleição se ganha no dia em que se dá o voto. Ganha, evidentemente, quem tiver o maior número de votos, quando a disputa se processa por esse critério matemático simples. Esta lógica imutável, no entanto, não é considerada ou não tem sido levada a sério pelos infalíveis aprendizes de feiticeiro, pseudo-futurólogos ou por empolgados torcedores que só acreditam na antevisão daquilo que lhes interessa.
A corrida eleitoral em Mato Grosso do Sul está em curso. É constituída por etapas bem definidas na movimentação e nos humores dos partidos e das lideranças que as impulsionam. Assim, uma das etapas mais visíveis começou no ano passado, em ambiente informal, com pré-candidatos assumindo suas específicas pretensões.
Nesta ciranda, o ano de 2018 começou com uma das pré-candidaturas, a do juiz federal Odilon de Oliveira, do PDT, instalado na dianteira das pesquisas de intenção de voto. Suas qualidades pessoais o alçaram a esse patamar. Contudo, mesmo sendo uma posição provisória, algumas forças que o apoiam passaram a se comportar como se a fatura já estivesse liquidada.
É crível que nem o próprio Odilon tenha se agradado com o assanhamento da turma do “já ganhou” saltitando ao seu redor. Pela espinhosa profissão que abraçou, a de juiz federal combatente contra a corrupção, e por princípios morais aprimorados na história de vida do nordestino que lutou para abrir as próprias oportunidades, o juiz já tem experiência suficiente para saber que antes de a galinha botar não há ovo para ir à frigideira. Se ele sabe disso, parece que muitos de seus parceiros de caminhada ou não sabem ou minimizam esse prosaico ensinamento.
E aí está, diante de todos os pré-candidatos, e não só do pedetista, a pesquisa mais recente estampando uma mudança radical nesta corrida sucessória. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e o ex-governador André Puccinelli (MDB) atropelaram Odilon e já ombreiam na briga pela liderança na preferência do eleitorado. Isso, de acordo com o Instituto Ranking (pesquisa registrada e acordada com as exigências legais).
Mesmo com essa mudança no páreo, nenhum dos três pode cantar vitória antes do tempo. A pesquisa em tela é retrato de um momento. A campanha ainda está para começar de fato e de direito. Há muitos fatores a exercer influência na escolha dos votantes. O exército de gente indecisa, que não pretende votar em ninguém ou planeja anular o voto é imenso. O eleitor faz o refino de seus critérios de escolha, avalia o que foi bom e o que não foi para si e para seu Estado. Avalia quem merece sua confiança, quem cumpriu consigo, quem traiu suas expectativas.
O saldo dessa análise, uma abordagem reflexiva que se apoia no respeito e na consideração que todas as candidaturas merecem, é nada mais nada menos que uma simples constatação: com a verdade não se brinca. A verdade é a realidade, que não se permite a maquiagens e nem a fantasias. Assim, o que era ontem pode não ser hoje. Que isso sirva para, ao menos, refrescar as línguas queimadas pelo fogo da vitória que se canta antes de o jogo começar.
GERALDO SILVA