O MDB-PMDB já teve como referências nacionais e locais personalidades de indiscutível prestígio político, eleitoral e popular. A relação de exemplos destaca, entre outros, Ulysses Guimarães (o “Senhor Diretas Já”) e Dante de Oliveira; Wilson Martins, Ramez Tebet e Plínio Martins. Foram, cada um a seu tempo, demonstrativos inequívocos de como elevar o compromisso político à altura das expectativas legítimas da sociedade.
Atualmente, aquele MDB ficou mesmo na memória e aos poucos sua história vem sendo soterrada pela avalanche de malfeitos que os herdeiros de Ulysses & Cia praticam no vale-tudo pelo poder. A austeridade, a responsabilidade e o trato republicano com a coisa pública tinham tanto eco no partido quanto os apelos pela democracia e pelas liberdades.
Wilson Martins, que morreu em fevereiro passado aos 100 anos de idade, andou por diferentes posições profissionais e políticas. Advogado brilhante, foi presidente da Ordem e pôs sua inteligência a serviço da excelência de causas nobres na área do Direito. Na vida pública, foi prefeito de Campo Grande, deputado federal (cassado politicamente pela ditadura militar de 1964), senador e governador duas vezes de Mato Grosso do Sul, sem nunca sofrer qualquer tipo de investigação e ter sempre o olhar admirado e reverente da sociedade e dos próprios adversários.
Ramez Tebet, que morreu em novembro de 2006, foi o político sul-mato-grossense que alçou os voos mais altos na República desde a criação do Estado. Promotor público em Três Lagoas, conquistou seu primeiro mandato de deputado estadual em 1979, sendo o mais votado daquela safra parlamentar. Foi secretário de Estado, superintendente da Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste), vice-governador, assumiu o governo por 10 meses e construiu seu tempo, antecipando-se a ele com desprendimento singular.
Não por acaso, Ramez conquistou nas urnas uma vaga no Senado, Casa que o acolheu para as investiduras mais relevantes, da presidência e da relatoria das comissões mais importantes, como a do Orçamento, até à interinidade na presidência da República com a vacância transitória do titular. Também, a exemplo de Wilson Martins, de quem foi o vice-governador, percorreu uma trajetória imune às suspeições e desqualificações hoje tão comuns na cena brasileira.
DESAFIOS
Plínio Martins exerceu com notável sabedoria a advocacia e assim também se ocupou dos desafios que a sociedade lhe conferiu nos mandatos de vereador, deputado federal e prefeito de Campo Grande. Era uma das vozes emedebistas resistentes ao período de obscurantismo instalado em 1964 e entre suas mais contundentes e assíduas atividades estavam a luta contra a corrupção e a impunidade.
André Puccinelli começou na política descoberto e levantado por Wilson Martins, que em seu primeiro governo o convocou para comandar a Secretaria Estadual de Saúde. Deveria ter nele um professor de lições para a vida toda, especialmente na matéria que consagrou o MDB-PMDB: a luta pela moralidade política e o zelo com a coisa pública. Fez o contrário, adotou outra disciplina, a do compadrio, segundo apontam as investigações já realizadas em operações especiais de forças-tarefa contra a corrupção e o crime organizado.