O retrato atual de Mato Grosso do Sul é frontalmente oposto ao de quatro anos atrás, quando o Estado se achava totalmente desconstruído em suas necessidades mais elementares e seu povo não tinha mais algumas referências de desenvolvimento que, bem ou mal, eram visíveis em outros tempos, seja na economia, seja nos ganhos sociais, seja especialmente na credibilidade.
Aconteceu um verdadeiro massacre durante oito anos em que o desperdício e o desvio de dinheiro público, somados à incompetência para gerir e ao desprezo pela qualidade dos empreendimentos, criaram um ambiente de decepção, revolta, tristeza e até desalento, tendo em vista o tamanho descomunal da ingovernabilidade que pôs a máquina administrativa e financeira no mais fundo dos abismos.
O problema, se fosse apenas de ordem administrativa ou política, talvez pudesse de alguma forma ser contornado, minimizado ou até resolvido. Ocorre que a extensão e a profundidade do rombo só começaram a ter melhor visualização depois que a atual gestão assumiu e foi abrindo à sociedade o tamanho medonho dos estragos.
Não eram só barbeiragens de engenharia gerencial ou falta de visão política para lidar com as demandas diversas da população. Havia algo pior: a lama. O lamaçal onde a ausência de ética, de decoro e de responsabilidade com a condução da coisa pública se chafurdavam.
Quem levantou essa dura e vergonhosa realidade, e continua a sustenta-la, não é este semanário, que apenas reproduz as informações oficiais e veicula os sentimentos da sociedade. São os órgãos de fiscalização, de controle, de repressão e de investigação que levantaram o véu imenso que encobria operações nada republicanas de um grupo que fez estação de sombra e água fresca no interior do governo para sugar o dinheiro suado dos contribuintes.
Desnecessário pensar que as coisas teriam sido diferentes se os oito anos de André Puccinelli no governo fossem aproveitados como havia prometido à sociedade, num período em que o Planalto – sobretudo no ciclo da “fada-madrinha” Dilma Rousseff – derramava verbas a granel aos cuidados do ítalo-brasileiro que hoje está acuado por denúncias do Ministério Público sobre a forma como manipulou essa dinheirama toda.
Se os recursos, que passam da casa dos bilhões, fossem empregados em seus devidos e legítimos fins, certamente Mato Grosso do Sul não teria sofrido em oito anos um atraso de 30. Sim, quase a idade do Estado, se somados os períodos de deslanche e o de desmanche de um trator alucinado pelo faraonismo e pela megalomania, que até seriam perdoáveis não fosse a contaminação com a irresponsabilidade e a improbidade.
Assim, num retrato que todos os sul-mato-grossenses conferem, sem ser preciso muito esforço, é possível comparar e, felizmente, aliviar-se. O ontem do caos é página virada. O hoje da superação tem a marca de avanços concretos, tanto na semeadura de obras para os 79 municípios como na desforra ética e política, cristalizada por pesquisas de intenção de voto que fotografam a realidade: o ex-governador que quer voltar ao poder é o primeiro lugar no ranking da rejeição dos eleitores.
Como se pode notar, e constatar, nem tudo está perdido.
GERALDO SILVA