Em parceria com a Arquidiocese de Campo Grande, a Câmara de Vereadores realizou uma exemplar e necessária audiência pública na segunda-feira, 23, para que a sociedade intensifique seu engajamento em favor da paz, apelo sintetizado no tema da Campanha da Fraternidade este ano: “Fraternidade e Superação da Violência”. O ato reuniu diversos segmentos sociais, religiosos, lideranças comunitárias e políticas, organizações não-governamentais e entidades classistas.
“Nosso cotidiano está à mercê da violência. Por isso, estamos colhendo sugestões que serão encaminhadas ao Executivo, que faz sua parte com a atuação da Guarda Municipal. Se não nos manifestarmos, não vamos a lugar nenhum. Pagamos nossos impostos para termos segurança”, afirmou o vereador Ayrton Araújo, um dos vereadores que sugeriram a audiência.
O arcebispo metropolitano, Dom Dimas Lara Barbosa, disse que a campanha deste ano aborda a superação de todas as formas de violência. “Partimos de uma metodologia desenvolvida para associar a fé e a vida. Cada ano a Igreja Católica aborda um tema relevante para a sociedade. Este ano abordamos um desafio atualíssimo, que diz respeito à responsabilidade de todas as pessoas com a sociedade em que deseja viver”, enfatizou.
Para o Padre Agenor Martins da Silva, coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Campo Grande, a violência é uma ação que acompanha o homem desde os primórdios. “Na construção das sociedades, a violência é algo tão profundo que é também um dos elementos básicos da sagrada escritura. Superar a violência significa criar métodos para que ela atinja o menor grupo possível de pessoas ou cause o menor dano possível. Isso é um sonho”, reconheceu.
Segundo o vereador André Salineiro, as audiências com esse enfoque têm sido bem proveitosas. “Trazer não só pessoas que têm conhecimento na área, mas também trazer a população é de fundamental importância”, salientou. “Segurança pública, às vezes, dissemos que muito se fala e pouco se faz. Violência é igual saúde. A pessoa só dá valor pela dor. O Brasil, hoje, é o 7º no mundo em homicídio doloso por grupos de 100 mil habitantes”, registrou.
Para o vereador Dr. Wilson Sami, a sociedade deve resgatar alguns princípios deixados de lado para combater a violência. “Temos que falar de resgate de valores que se perderam, da família, de bons costumes. Não abandonar o jovem, sairmos com uma proposta concreta daqui. Temos que fazer um trabalho eficaz e parar de tapar o sol com a peneira. Se não resgatarmos isso, vamos continuar vendo tudo isso que acontece”, analisou.
“Os encaminhamentos serão importantíssimos para o bom andamento da segurança pública da nossa cidade”, complementou a vereadora Dharleng Campos. As mais diversas formas de violência não podem ser encaradas como um problema a ser resolvido unicamente pela segurança pública. A opinião é de dois policiais militares que participaram da audiência: o Major Antônio Neto, que representou a Polícia Militar, e o deputado estadual Cabo Almi, que falou em nome da Assembleia Legislativa.
Para a vereadora Enfermeira Cida Amaral, a violência pode ser vista de diversas formas. “Temos vários bairros populosos sem infraestrutura adequada para atender toda a população, e estão querendo cobrar das famílias, acreditando que são elas as grandes responsáveis pela violência, e nós sabemos que não são. Como parlamentar, me questiono o que estamos fazendo para amenizar o sofrimento dessas famílias”, indagou.