O arrastado impasse sobre as soluções para o aproveitamento do Terminal Heitor Laburu e a revitalização de seu entorno, no Bairro Amambaí, pode estar chegando a um desfecho positivo para a cidade. Na terça-feira, 27, uma concorrida audiência pública convocada pela Comissão de Assistência Social e do Idoso da Câmara Municipal de Campo Grande atraiu vereadores, comerciantes e moradores da região, todos em busca de encaminhamentos efetivos que levem à requalificação daquela que é uma das áreas urbanas mais importantes da capital.
O Terminal – também chamado de Rodoviária Velha – é o núcleo das preocupações. Fundado em outubro de 1976 e desativado em janeiro de 2010, o prédio é o foco de todas as perguntas e respostas sobre o futuro desta que já foi uma das áreas urbanas mais valorizadas do município. O ambiente que até os anos 1990 fervilhava com o vai-e-vem de passageiros de ônibus de passageiros locais e interestaduais hoje é um cenário triste e desalentador.
Suas 229 salas comerciais distribuídas em 5 mil metros quadrados de área construída não oferecem maiores atrativos para novos investidores e nem consumidores, em virtude de um ambiente que, na maior parte do dia, é carregado e tomado por vítimas do uso de drogas, moradores de rua e outros habitantes de um mundo de exclusão. Mas há esperanças que se desenham no horizonte, especialmente a partir da amplitude que a audiência deu ao tema, como atesta a vereadora Enfermeira Cida (PTN), presidente da Comissão que organizou a agenda.
SEM PAPO FURADO
Ao destacar sua confiança nos resultados do grupo constituído na audiência para reivindicar a responsabilidade da Prefeitura na solução desse desafio, Cida salientou que toda a população está cansada de esperar providências e muito aborrecida pelo estado de abandono do local. “Os lojistas que ainda permanecem lá no terminal e os comerciantes de todo entorno não têm a quem recorrer, senão ao poder público” disse.
“Vamos fazer propostas concretas. A primeira é colocar nosso colegiado para acompanhar a comissão que será formada. Deixo muito claro que essa comissão não é para papo furado. Não prometo, mas me comprometo junto com meus colegas a buscar as soluções”, afiançou. Além da presidente Enfermeira Cida Amaral, integram a Comissão Permanente de Assistência Social e do Idoso os vereadores Betinho (vice), André Salineiro, Pastor Jeremias Flores e Valdir Gomes. Outros vereadores participaram, entre eles João César Mattogrosso e Delegado Wellington.
O excesso de usuários de drogas na região também é a principal reclamação do presidente da Associação de Amigos do Bairro Amambaí, Paulo Pereira. “Os moradores se incomodam muito com a presença dos dependentes químicos, dos moradores em situação de rua. Precisamos de um trabalho urgente com esta população”, pediu. “Temos 70% da rede hoteleira no nosso bairro, e ela é muito prejudicada. A impressão que o hóspede leva de Campo Grande é a que ele vê no bairro Amambaí. Esse é um problema que afeta não só os comerciantes, mas todo o bairro. Não conseguimos convencer os empresários a investir no prédio”, contou Rosana Nely de Lima, síndica do Terminal.
Segundo a vice-presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), Heloísa Cury, o empresariado tem medo de investir no local por conta do impasse na atribuição das responsabilidades. “Passaram três prefeitos e o que ficou foi só promessa. As pessoas têm medo de investir no local, pois não tem certeza se o poder público fará a parte dele. Os moradores em situação de rua precisam de algo concreto. Por que não há interesse em revitalizar a região?”, questionou.