No último dia 22, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), mesmo em um curto período de férias, e demonstrando que não tirou os olhos de seu Estado, postou categórica e sintomática mensagem nas redes sociais. Assim escreveu o governador:
“Para poder fazer os investimentos que temos realizado nos 79 municípios de nosso Estado, reduzimos os gastos com a máquina pública, diminuindo o número de secretarias e dos cargos comissionados. Tomar as medidas certas no momento de crise nos permitiu investir nas prioridades para a nossa gente, e rendeu a Mato Grosso do Sul números positivos em diversos índices”.
Poderia ser uma alusão a alguns levantamentos oficiais indicando que, apesar da crise, por aqui ainda se respira otimismo e se contabiliza avanços para, de forma gradual, retomar o desenvolvimento. Um dos exemplos é a balança comercial, que fechou 2017 com um superávit de US$ 2,2 bilhões em relação ao ano anterior, patamar histórico.
Porém, o que mais chama a atenção no desempenho do governo estadual, e o que se encaixa melhor na aliviada e vitoriosa manifestação de Azambuja, é estar exorcizando um dos mais terríveis fantasmas plantados para empurrá-lo ao fundo abismo da ingovernabilidade: as obras inacabadas, herança maldita que restou como sinalizador da deplorável situação que André Puccinelli deixou a seu sucessor.
Ao todo, 215 obras haviam sido iniciadas ou apenas lançadas, no papel, sempre com o foguetório habitual de celebração ao grande empreendedor. Esse perfil que fora tão incensado durante duas décadas não durou mais que uma semana de verdade. Quando Azambuja assumiu e levantou, nos detalhes, o que tinha de contas e de dívidas a pagar, somadas às demandas reprimidas, logo se viu que uma idolatria política estava ruindo.
Porém, para que o suado dinheiro do contribuinte não fosse de vez para a lixeira, Azambuja fez o que faria qualquer dirigente comprometido com o espírito público e com a responsabilidade no exercício do cargo. Decidiu impedir que aquela herança restasse à história como um cemitério de obras e túmulo de verba pública. Pôs sua equipe em ação e mobilizou o máximo de oxigênio financeiro em tempos recessivos para finalizar 100% dos investimentos que pegou crus ou mal-acabados nos alicerces, entre os quais o fatídico Aquário do Pantanal.
Em lugar de despejar dinheiro para enriquecer os compadres e privilegiados com obras de encomenda, em vez de drenar verba de cofre público em transações fraudulentas com gráfica de sócios, o sucessor de Puccinelli fez o que a sociedade quer e espera de seus governantes: finalizou o que deveria ter sido finalizado na gestão anterior.
Assim, faltando ainda 11 meses para fechar o mandato, o atual governador já deu cabo de 97% das obras inconclusas. Vai atacar, na arrancada final, o Aquário do Pantanal, que é de longe a prova mais gritante da barbeiragem gerencial e operacional do agora ex-trator e ex-símbolo dos fantásticos investimentos.
A máscara foi ao chão. O teatro, como se comprovou, era farsesco. A herança maldita está acabando. Falta pouco. Mas quem a deixou não tem mais nada a esperar. Esvaziou sua cota de credibilidade. Restam-lhe os áulicos de sempre. Não se sabe até quando e quantos sobrarão após a próxima eleição.
GERALDO SILVA