Com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) cuidando somente das obrigações administrativas e o ex-governador André Puccinelli (PMDB) balançando na corda de suas pendências judiciais, apenas duas pré-candidaturas devem entrar no ano eleitoral de 2018 já declaradas à população: o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PDT) e o empresário Cláudio Sertão (Podemos).
O mosaico das opções para a disputa do governo só será visualizado com maior clareza depois que a sociedade e os fatos definirem o destino de Puccinelli. Ele já deixou de ser uma unanimidade como favorito para a disputa. Mesmo com a imagem bastante desgastada pelas denúncias e feitos judiciais que o levaram à prisão temporária, o ex-governador ainda dispõe de um considerável patrimônio eleitoral, graças ao que resta de liderança partidária e ainda à inegável musculatura do PMDB.
Além dos problemas com a Justiça, outra dificuldade terrível para Puccinelli é segurar por mais tempo os apoios que tem hoje. Não há disposição de alguns aliados de esperar ao seu lado a solução de pendências judiciais que podem se arrastar. Se de um lado está pressionado pelos desempenhos de Azambuja e Odilon no topo das pesquisas de intenção de voto, o ex-governador não sabe também se escapará dos processos para obter a ficha limpa e inscrever sua candidatura.
O próprio Puccinelli admitiu ser uma incógnita durante a Convenção Regional realizada no segundo dia deste mês, na sede da Associação Esportiva e Cultural Nipo-Brasileira. Ao garantir que o PMDB vai ter candidato ao Governo ano que vem, disse que a legenda tem outros bons nomes para concorrer. E vários de seus correligionários, de líderes graduados a anônimos militantes, citaram que, depois de Puccinelli, outras alternativas podem ser cogitadas, entre as quais o deputado estadual Júnior Mochi, presidente da Assembleia Legislativa, e o prefeito de Costa Rica, Valdeli dos Santos Rosa.
Estranhamente, os peemedebistas já descartaram outros nomes que poderiam figurar na lista para a corrida sucessória, como os senadores Waldemir Moka (que confirmou ser pré-candidato à reeleição) e Simone Tebet. E ambos, Simone e Moka, repetem o mesmo refrão dos convencionais: se Puccinelli não for o candidato, o partido vai de Mochi ou Valdeli. A intenção de Puccinelli, nesse caso, é trabalhar esses dois nomes para não deixar vácuo no caso de ter sua candidatura barrada pela Justiça.
A CONCORRÊNCIA
Além do PSDB de Azambuja e do PMDB de Puccinelli (ou Mochi, ou Valdeli), o páreo sucessório já tem um nome carimbado – o estreante na política Odilon de Oliveira. Ele carrega de desafios acumulados, não só por ser um juiz federal aposentado que se tornou célebre por empreender longa e obstinada luta contra o crime organizado e ser obrigado a andar sob escolta 24 horas por dia. Há ainda os incômodos de atrair sobre si a má vontade do estamento político, tendo em vista sua procedência profissional. Toga não combina com mandatários produzidos pelas urnas, de acordo com o que reza uma das liturgias da vida pública nacional. Para ilustrar, basta conferir o conflito entre Judiciário e Legislativo na cena brasileira, com a judicialização da política sendo avaliada como principal ameaça à estabilidade da democracia e, em especial, à personalidade institucional dos políticos.
Mas Odilon de Oliveira está convicto e decidido a entrar na disputa, desautorizando quem insinue sua desistência do projeto eleitoral. Consta que uma das soluções para a chapa de Odilon seria atrair o presidente da Caixa de Assistência dos Servidores Públicos (Cassems), Ricardo Ayache, para ocupar a vaga de candidato a vice-governador. Ayache é do PSB e o partido poderia formar com os trabalhistas uma composição capaz de surgir como terceira via, livre das possíveis radicalizações à esquerda e à direita.
Ayache também pode escolher outro caminho e ficar disponível para ser ele o candidato ao Governo. Está transitando muito bem na sociedade e seu alcance de articulações pode ir do PSDB de Azambuja ao PT de Zeca, passando pelo DEM de Henrique Mandetta, PR de Londres Machado e PTB de Nelsinho Trad. Este, por sinal, muito bem nas sondagens de voto para o Senado, pode ser a noiva mais cobiçada para as coligações majoritárias.
APROXIMAÇÃO
Já se comenta ainda outra hipótese, na aproximação dos irmãos Trad com Azambuja. O prefeito Marquinhos Trad (PSD) e seus irmãos Nelsinho (PTB) e Fábio podem optar entre correr em faixa própria. O ex-prefeito Nelsinho seria, dos três, o único a concorrer para cargo eletivo em 2018, o de senador, mas calçado pela exitosa administração de Marquinhos e fortalecido pelo prestígio acumulado de Fábio na presidência da seccional da OAB-MS, em apenas quatro anos de mandato como deputado federal e ainda como advogado de sucesso.
O PT não tem ilusões e aquieta-se no seu canto, sonhando com o que resta de força eleitoral – que não é de ser desprezada, já que ao menos 25% dos votantes são simpatizantes do partido de Zeca, de acordo com pesquisas. O deputado federal e ex-governador Zeca do PT, no entanto, passa longe da conversa sucessória. Quer, sim, e com total disposição, lutar por uma das duas vagas do Senado.
Nos demais partidos, as lideranças também buscam contornos definitivos para assentar os projetos. O empresário Cláudio Sertão anunciou sua pré-candidatura e está aguardando, segundo se apurou, a presença do maior nome da legenda, o senador Álvaro Dias, para batizar seu projeto em Mato Grosso do Sul. No Rede, a advogada Tatiana Ujacow vai lançar chapa majoritária própria.