Ao abrir o primeiro curso superior de tecnologia em Jogos Digitais do Estado, o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) pretende criar um mercado de games na região. A graduação será oferecida a partir do primeiro semestre de 2018, em Dourados, município a 230 quilômetros de Campo Grande.
Serão abertas 40 vagas e o ingresso será pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Com duração de três anos, o curso superior de tecnologia vai ser oferecido no período noturno.
Para o diretor-geral do Campus Dourados do IFMS, Carlos Vinícius Figueiredo, o novo curso deverá criar um mercado em Mato Grosso do Sul que até então não existe.
“Estudos indicam que, atualmente, o mercado de games movimenta mais cifras do que as indústrias do cinema e da música juntas. Ao abrirmos essa graduação, estamos criando uma demanda no Estado e vamos atender não só aos arranjos produtivos locais, mas nacionais. Acreditamos que a procura pelo curso superior de Jogos Digitais será grande, inclusive com candidatos de outras regiões do país”, comentou.
A nova oferta, segundo o diretor-geral, foi planejada com foco na verticalização do ensino.
“Nós já oferecemos a qualificação profissional em Desenvolvedor de Jogos Eletrônicos e o técnico integrado em Informática para Internet. Esses cursos são interligados, tanto que a infraestrutura e o corpo docente estão completos para iniciarmos a oferta do superior em Jogos Digitais. Temos dois laboratórios e a previsão é de ter mais um para o segundo semestre do ano que vem. É uma infraestrutura de qualidade”, comentou Carlos Vinícius.
O CURSO
O desenvolvimento de jogos digitais é uma área multidisciplinar que envolve habilidades como desenho e programação.
De acordo com Thiago Correia, professor que esteve à frente da elaboração do projeto pedagógico do curso, mesmo que o estudante não tenha essas habilidades, será possível adquiri-las na graduação.
“O estudante aprende a desenhar, pintar, animar e programar, além de desenvolver o jogo em si, o que compreende ter a ideia, montar a equipe, obter recursos para o financiamento do projeto, produzir e fazer os testes necessários de usabilidade. Todo esse processo pode durar um mês, mas alguns jogos são mais complexos, demoram até dois anos para ser produzidos”, explicou Thiago.
Aceitar desafios, ser criativo e empreendedor também são características importantes para o tecnólogo em Jogos Digitais. A própria trajetória do professor Thiago demonstra isso. Jogador de games desde os 12 anos, decidiu fazer o curso superior de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e se especializar na área de jogos digitais.
“Vi o desenvolvimento de games como uma oportunidade de negócio quando o Governo Federal tornou obrigatório o uso de simuladores nas autoescolas do país”, lembrou.
O mercado de trabalho no Brasil, segundo o professor, está em crescimento. A maior empresa da América Latina fica no Rio Grande do Sul, e emprega 70 funcionários. Thiago lembra que em Mato Grosso do Sul existem três ou quatro empresas na área, mas que o tecnólogo formado pelo IFMS poderá trabalhar em sistema home office, atendendo empresas em outros Estados e até outros países.
“O profissional pode trabalhar com projetos autorais e tentar vender o jogo depois, ou criar games por demanda, como é o caso dos simuladores de emergência e jogos educativos. A forma como o produto é colocado no mercado vai influenciar o quanto ele vai ganhar com a criação”, ressaltou Thiago.
O Play Station, console de games mais famoso do mundo, tem jogos criados por brasileiros. Se o protótipo agradar a Sony, o criador da ideia firma um contrato de confidencialidade e recebe um kit desenvolvedor de videogame para produzir o jogo. “Ele vai ganhar, por baixo, uns 10 mil dólares. E quanto mais vendido é o jogo, mais a pessoa que o criou tem lucro”, afirmou o professor do IFMS.
O projeto pedagógico e as informações sobre o curso estão disponíveis na página dos Jogos Digitais. O endereço é http://www.ifms.edu.br/campi/campus-dourados/cursos/graduacao/jogos-digitais.